Narrado por Bianca
Acordei com um tapa na cara.
Seco. Doído. Estalado.
Meus olhos arderam. Um segundo depois, senti a água fria caindo no rosto. Tossi. Engasguei. Meu corpo se contorceu todo, batendo no chão áspero.
— Em pé, porra! — gritou uma voz com sotaque forte.
Tentei entender o que estava acontecendo, mas a luz fraca da cela e a dor nas costas me deixavam zonza. Uma mão grossa me agarrou pelos cabelos e me puxou com força. Tive que levantar ou teria o couro cabeludo arrancado.
Natália já estava de pé, encostada na parede, ofegante. O rosto dela estava sujo, a boca cortada. Ela tremia. Nossos olhos se encontraram e ali, sem dizer uma palavra, nos demos conta de que a primeira noite havia sido só a introdução do pesadelo.
Duas escovas foram jogadas no chão.
Pequenas. Duras. Do tipo que não servia nem pra limpar a unha.
— Ajoelha. — disse o soldado. — Vocês vão esfregar esse chão. De canto a canto. Sem parar. E se encostar a bunda no chão… leva vara.
Tentei falar alguma coisa, mas