Christine Narrando
Na manhã seguinte, abri a porta da lojinha e senti falta de um olhar insistente, ele não é de faltar.
Nenhum leite atravessando a rua para chegar para mim como desculpa e nenhuma água ou sorriso de canto, apenas Rafael, atrás do balcão da lanchonete, parecendo… tranquilo demais enquanto assobiava.
_Cadê o Enzo? -perguntei, fingindo desinteresse enquanto arrumava umas caixinhas de batom.
Rafael deu um suspiro teatral, apoiando-se na bancada como se carregasse o peso do mundo.
_Ah, senhorita Christine… o patrão está mal, muito mal. Febre, dor no corpo, tossindo sem parar, tive medo que uma virose contagiosa mas…
Estranhei o pronome mas logo meu coração acelerou.
_O quê?! E você tá aqui? Por que não tá cuidando dele?
Ele deu de ombros.
_Ele não deixou! A senhora sabe como ele é obcecado por saúde! É a droga de um perfeccionista !Disse pra eu ficar tocando o barco. Mas, olha, se fosse eu… eu corria lá.-piscou de forma nada discreta.
Nem pensei duas