70. DIAS GRIS
RICARDO:
Deixei Victoria no quarto com sua teimosia. Algo me dizia que ela estava escondendo algo, mas não podia forçá-la. Caminhei pelo corredor do hotel em direção ao elevador com a intenção de descer até o centro de segurança para começar a ver o que era necessário. O trabalho, para mim, sempre foi a maneira de me acalmar e me permite pensar.
Mantendo meu passo firme, cheguei ao elevador, mas justo antes de apertar o botão para descer, vi Matías Castellano sair de um quarto contíguo. O detalhe não teria sido relevante, mas ao cruzar nossos olhares notei sua atitude evasiva, como se tentasse esconder que me via.
— Ricardo Montiel —cumprimentou, forçando um sorriso que não chegou aos seus olhos.
Decidi não demonstrar suspeita, embora sua postura rígida e a maneira como apertava o celular em sua mão me parecessem estranhas. O que ele estava tramando? O que fazia no hotel da família Montenegro?
— Matías Castellanos —respondi calmamente, analisando cada movimento.
Ele deu um