69. ACHO QUE É VERDADE O QUE ELA DIZ
Lembrei-me daquele outro dia em que os gritos eram aterradores, até ouvir o choro de um bebê, e depois vieram outros clamando para que não lhe roubassem o filho. O que significava aquilo? Era de fato um pesadelo ou algo que eu havia presenciado escondida no porão?
Foi depois disso que me lembro que minha mãe nunca mais me levou com ela às casas que limpava; me mandava com meu pai ao seu trabalho de jardinagem ou me deixava com a vizinha. Minha mãe nunca falou sobre aquilo e dizia que era um pesadelo quando eu perguntava. E depois que ela foi embora, começaram os pesadelos, como se minha consciência ou algo mais me obrigasse a recordar como única testemunha daquela atrocidade.
Minha testa começou a suar. Olhei com incredulidade para Josefina, que continuava contando coisas horríveis sobre minha sogra. Assim como a mim, ela havia enganado muitas mães das cidades interiores do país, dizendo que suas filhas teriam uma vida linda e feliz na capital e as trancava, utilizando-as para out