62. O Espelho

Caminhamos em silêncio depois da chama. O interior do templo permanecia envolto por uma quietude densa, mas algo havia mudado. Eu sentia. Era como se o próprio ar carregasse o peso de uma verdade à espera de ser revelada.

Nossos passos ecoavam pelas pedras gastas, entre colunas cobertas por musgo e inscrições esmaecidas. Noctis não disse uma palavra, e eu também não. Havia um entendimento silencioso entre nós — aquele lugar exigia respeito. Era um túmulo de eras, um santuário adormecido de um tempo que não nos pertencia.

Subimos uma rampa estreita até o púlpito no fundo do templo. Era como se a própria estrutura tivesse sido moldada em função do que repousava ali, no topo: um espelho. Simples. Circular. E ao mesmo tempo… impossível.

Não havia ornamentos ao redor. Nada de moldura, nada de mármore ou ouro. Apenas a superfície lisa e prateada, cravada diretamente em um pedestal de pedra escura. O que o tornava tão diferente, no entanto, era seu estado: intacto. Enquanto todo o templo
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