42. Sombras
Naquela noite, quando as luzes das casas começaram a se apagar e os últimos sussurros da vila de Altheya foram engolidos pela escuridão, algo se movia nas sombras. Um vulto quase imperceptível deslizava silenciosamente pelas vielas e telhados. Não deixava rastros, não fazia som, mas seu efeito era sentido.
Dentro das casas, os harpias dormiam — ou tentavam. Estranha inquietação dominava seus sonhos. Alguns se reviravam na cama, os rostos contraídos em expressões de terror. Era como se a própria paz fosse sugada, seus pesadelos alimentando algo oculto.
A criatura — se é que era uma criatura — movia-se de casa em casa, absorvendo medos, crescendo em força conforme sugava o desespero silencioso. Nos arredores da casa dos Norton, no entanto, havia uma resistência. Uma luz sutil, quase imperceptível, parecia envolvê-la, impedindo que a coisa se aproximasse. Frustrada, ela deslizou para longe, desaparecendo nas sombras da cidade adormecida.
***
O céu de Altheya ainda estava mergulhad