Na manhã do casamento, enquanto ajustava os punhos da camisa diante do espelho, Miguel carregava uma sombra dentro de si. O reflexo que o encarava parecia o de um estranho, vestido para um destino que já não lhe pertencia.
Desde a madrugada anterior, algo dentro dele havia se partido. O casamento, que até então parecia um caminho certo, agora o sufocava.
Durante anos, Miguel acreditou ter deixado Laura no passado. Tinha se convencido de que ela fora apenas uma lembrança distante, que o tempo e a ausência haviam diluído. Mas o reencontro mostrara o contrário.
Na verdade, ele nunca a esquecera. Ela permanecera ali, adormecida em algum canto do peito, silenciosa, como uma chama que resiste sob as cinzas. Talvez, se nunca a tivesse visto novamente, aquele sentimento teria se apagado de vez.
Mas por que o destino havia decidido reacendê-lo justo agora?
Por que ali, a poucas horas de subir ao altar com outra mulher?
Aquilo não podia ser coincidência. Ou o destino lhe enviava um sinal, ou