Ethan Narrando
Cheguei na empresa às sete em ponto, como de costume. Gosto da rotina, da previsibilidade das manhãs. Mas hoje havia algo diferente no ar. Assim que as portas do elevador se abriram, fui invadido pelo perfume dela. Doce, elegante, marcante. O tipo de aroma que fica preso na pele e na memória.
Nossos olhares se cruzaram por uma fração de segundo. Sophie estava sentada em sua mesa, como sempre impecável, mas havia algo no jeito como me olhou, algo que me atingiu como um soco no estômago.
Passei por ela sem dizer uma palavra. Não confio na minha voz quando estou assim, bagunçado por dentro. Entrei na minha sala, fechei a porta e só então percebi que estava prendendo o ar. Soltei, devagar, tentando me recompor.
Sentei à minha mesa e encarei a tela do computador por alguns minutos, sem realmente ver nada. Era impossível ignorar o peso daquela madrugada, o gosto do beijo dela ainda vivo na minha boca, o vazio que senti ao acordar e perceber que ela não estava mais lá.
Ouvi t