— Hoje o paraíso se encontra em festa — diz olhando para todos dentro do salão — Hoje estamos recebendo dez novos membros em nossa família celestial — dá uma pequena pausa, olha para todos os aprendizes e então continua — Fiquem ombro com ombro.
Eu não saio do lugar, não é preciso, os aprendizes que estavam atrás de mim se locomovem e ficam todos um do lado do outro, e eu que era o primeiro agora sou o oitavo da fila.
— Zaniel, aquele que me tem como juiz — chama o senhor se referindo ao primeiro do lado direito — É com imenso prazer que te entrego, tão honda são as tuas asas, vire-se.
Zaniel faz o que lhes foi mandado e o senhor coloca sua mão direita nas costas de Zaniel. Um brilho branco se faz visto, mas não ao ponto de precisar fechar os olhos, é uma luz tão linda de ser, mas a cena linda dá espaço a um grito agonizante. Meus olhos se arregalam, por que ele está gritando?
— Aaaah! — grita alto de dor, seus joelhos se dobram e caem no chão junto com suas mãos, o som do baque no chão me faz estremecer — Aaaah! — consigo ver suas lágrimas molharem o chão e em suas costas o brilho branco vai se esvaindo e em seu lugar se ver uma pequena pena de cor branca — Aaaah! — se apoia com os cotovelos no chão e com as mãos abraça sua cabeça, e o que antes era apenas uma simples e pequena pena dá lugar a um enorme par de asas totalmente brancas.
O peito de Zaniel sobe e desce rapidamente, ele está com sua respiração tão ofegante que parece que ele acabou de sair de uma maratona. Ele ainda fica assim: ajoelhado no chão, por mais alguns minutos, quando sua respiração volta completamente ao normal, ele fica em pé, vira o rosto para olhar e com sua mão direita alisa suas asas, um sorriso enfeita seu rosto, e eu acabo sorrindo também, estou feliz por ele.
— Você Zaniel, es destinados a ser um comandante ou treinador, mas por ainda ser muito jovem será auxiliar do anjo Roguel, da quinta divisão do paraíso. Boa sorte em sua missão, meu filho.
O senhor ao terminar de falar abraça Zaniel e todos os outros presentes aplaudem o mais novo membro da família celestial, Roguel se levanta do seu lugar e recebe Zaniel de abraços abertos o desejando boas vindas.
Já Uriel e Haniel, foram mais fortes que Zaniel, eles não caíram ao chão, apenas choraram muito, eles foram contemplados sendo suas
brancas com as pontas verdes e foram encaminhados para a sétima divisão, Luciel fez que nem Roguel e os recebeu de braços abertos.
Haniel, Jael e Camael, todos foram ao chão, eles ficaram de lado com suas mãos tampando seus rostos a fim de esconder seu choro, mas no final eles foram contemplados com belas asas brancas e nas sua pontas douradas, eles acabaram sendo designados para a primeira divisão, e o represente que os recebeu de braços abertos foi, Haffael.
Zuiel e Lafiel apenas se ajoelharam no chão enquanto a dor e a luz branca se faziam presente, mas logo depois eles ganharam suas asas brancas com as pontas lilás e foram mandados para a quarta divisão, Hafityel os recebeu.
— Venha, Zuniel, aquele que me guarda, dê um passo à frente — ele prontamente obedeceu ao senhor.
Deu um passo à frente, vejo suas pernas tremerem, pelo jeito não sou o único a estar nervoso com tudo isso; e assim como fizera com os outros, o senhor colocou sua mão direita em suas costas e a luz branca mais uma vez se faz presente dentro daquele salão trazendo junto de si os gritos de dor.
A dor em Zuniel foi tão intensa que o mesmo não a suportou e desmaiou, e mesmo estando desmaiado em suas costas o processo forá igual aos dos outros, primeiro uma pequena pena branca que segundos depois deu lugar a enormes asas brancas com as pontas azuis celeste e o senhor o designou para a terceira divisão, na terceira divisão, e o represente da mesma é Suriel, que não precisou recebê-lo pois Zuniel logo seguiu com os anjos curandeiros.
— Anael, aquele que possui a minha graça, aquele que tem em si o meu maior dom: o amor. Dê um passo a frente, meu filho — faço como o senhor me ordenou, dou um passo à frente, ele coloca sua mão direita sobre minhas costas e sinto o calor de sua mão em minha na mesma, é um calor tão bom, o calor do pai que te ama.
— Aaaaahhhh! — caio com tudo de joelhos no chão e sinto minhas costas queimarem, é como se estivesse colocando brasas ardentes nela — Aaaahhhh! — a dor é muito maior do que eu imaginei, tenho a sensação de que a pele queimada de minha costas está se abrindo, isso está me agonizando, sinto alguma coisa grande e pesada passando por essa fenda fazendo-me contorcer-me ainda mais no chão, sinto as lágrimas inundaram meus olhos.
Fecho meus olhos e começo a contar mentalmente:
um… Dois… Três… Quatro… Cinco… Dez.. Doze… Quinze.
Em exatos quinze segundos aquela dor alucinante que estava me consumindo simplesmente cessou. Abro meus olhos, sinto minhas pernas e braços tremerem, mas tiro força não sei de onde e me levanto do chão, rodo tentando ver minhas asas que são enormes. Levando minha mão direita para tocar em uma delas, mas antes que eu consiga tocar-las o senhor fala:
— Você Anael, es destinado a ser um anjo da guarda, es destinado a ser protetor de minha criação, o filho que defende os bens de seu pai — ao terminar ele me abraça e todos os presentes aplaudem — Seja bem vindo Anael, você permanecerá na terceira divisão.
Fico muito feliz em saber que poderei continuar aqui na terceira divisão junto com meu comandante, treinador e meu melhor amigo.
— Estou muito orgulhoso de você Anael — diz Suriel me apertando os ombros bem forte — Vamos logo iniciar seu aprendizado para ser um protetor e aprender a usar suas asas — declarando sorrindo para mim.
Ver o orgulho estampado nos rostos mais queridos de minha vida, me enche de felicidade e confiança.
Então sorrio para meu treinador, ele vira de costas e segue para fora do palácio, me apresso também e começo a caminhar logo atrás dele, mas paro e viro minha cabeça para ver o senhor uma última vez antes de iniciar a minha preparação, porém, para meu espanto ele já não está mais entre nós.