Estamos dentro de um bairro nobre, algo entre classe média alta e alta. O asfalto cobre todas as vias, os meio-fios são pintados, e algumas casas possuem jardins bem cuidados, muros altos e cercas elétricas. O cheiro da terra molhada da chuva ainda paira no ar, misturando-se com a névoa da madrugada.
Kira caminha com passos firmes, os olhos sempre atentos ao ambiente ao redor. Seu tom de voz é tranquilo, sem pressa, mas carregado de uma certeza inabalável.
— Vamos precisar de um meio de transporte. Já são uma hora e quarenta e quatro minutos, e a madrugada está enevoada por conta da chuva.
Ela pausa por um instante, franzindo levemente a testa ao sentir algo. Seu olhar se torna mais afiado, e um sorriso seco surge em seus lábios.
— E como não há nada tão ruim que não possa piorar…
A frase vem carregada de sarcasmo. Kira não precisa ver para saber. As vibrações no solo denunciam — um comboio inteiro se aproxima em velocidade. Seus sentidos treinados captam os padrões do deslocamento: v