Lia Perroni Kairós continua me olhando, seus olhos queimando nos meus. — Você não vai embora, não? A Esmel já não está mais aqui! — digo, tentando ignorar a eletricidade que ainda paira entre nós. Ele se aproxima, cada passo lento e carregado de intenção. — Não, não vou embora... — murmura, e então seus lábios encontram os meus. Tento resistir, a razão gritando em minha mente, mas seus braços me prendem, firmes e possessivos. Inevitavelmente, acabo retribuindo o beijo, o calor se espalhando por todo o meu corpo. Em um instante, já estou sentada no balcão, minhas pernas abertas em volta de sua cintura, Kairós entre elas, beijando-me com uma intensidade avassaladora. Sua boca desce pelo meu pescoço, e um gemido escapa dos meus lábios quando seus dentes roçam minha pele. Instintivamente, o puxo para mais perto, ansiando por sua proximidade. — Kairós... — sussurro, meu corpo clamando por ele. Ele para por um momento, seus olhos escuros fixos nos meus, carregados de desejo.
Lia Perroni Com um movimento ágil, sento no colo de Kairós, encaixando-me perfeitamente em sua ereção pulsante. Começo a rebolar, ditando o ritmo com meus quadris, enquanto ele geme roucamente e aperta meus seios com ambas as mãos, seus polegares roçando meus mamilos já sensíveis. Beijo sua boca com fervor, nossos lábios se encontrando em um frenesi de desejo. — Gosta quando rebolo assim? Quer que eu acelere? — pergunto entre os gemidos ofegantes, sentindo cada fibra do meu corpo vibrar com a fricção. — Ah... ah... isso é rebolar gostoso, gostosa... — ele responde, a voz entrecortada, antes de me dar um tapa estalado na bunda, intensificando ainda mais a sensação. Continuo sentando em seu membro rijo, o prazer crescendo a cada movimento. Ondas de calor percorrem meu corpo, e logo o orgasmo se aproxima, avassalador. Chegamos ao clímax juntos, nossos corpos tensos e vibrantes. Com um suspiro longo e satisfeito, levanto-me de seu colo, meu corpo ainda latejando de prazer. Em um
Capítulo 42 Kairós As palavras dela ainda ecoavam em minha mente, cortantes como vidro: "Estou grávida". Grávida dele. O bebê não era meu. Por um instante, nutri a vã esperança de que tudo fosse uma piada cruel, que ela correria para meus braços e voltaríamos para casa juntos. Mas a frieza em sua voz, o desdém em seus olhos, eram inegáveis. Fui um idiota. Um ingênuo que se deixou levar por um conto de fadas fabricado. Camila estava certa, uma verdade amarga que me rasgava a garganta ao admitir. Voltei para a pensão, paguei a conta com mãos trêmulas e juntei minhas coisas. Depois daquela revelação, não havia mais nada que me prendesse àquele lugar. — Vai embora, sem realmente saber a verdade? — uma voz feminina me abordou assim que saí da pensão, a luz fraca da rua iluminando seu rosto misterioso. Virei-me, a confusão estampada em minha face. — Quem é você? — perguntei, a desconfiança me cercando. Ela se aproximou, um sorriso enigmático dançando em seus lábios. — Alguém que que
KairósA dor no estômago me deixou sem ar por alguns segundos, mas a raiva e a determinação de não ceder a esse monstro me deram forças para encará-lo novamente.— Ela não te ama, Marcelo. Ela estava comigo. E essa criança... você sabe que é minha — sibilei, a verdade ecoando no quarto sombrio como um desafio.O rosto de Marcelo se contorceu em uma fúria ainda maior. Ele agarrou meus cabelos novamente, puxando minha cabeça para trás com brutalidade.— Você não sabe de nada! Ela é minha! E essa criança vai ser criada como minha! Você não vai estragar a minha família!— Sua família? Você chama isso de família? Mantendo ela refém do medo? — cuspi as palavras, sentindo o gosto metálico do sangue na boca.Marcelo riu, uma risada fria e desprovida de qualquer humor.— Ela está onde merece estar. Ao meu lado. E você... você mereceu o que aconteceu com o seu carro. Deveria ter morrido ali mesmo.— Você tentou me matar! — exclamei, a ficha caindo completamente. Aquele "acidente" não tinha sido
Lia Perroni Vesti minhas roupas com movimentos lentos e pesados, cada peça um lembrete amargo da minha traição. Saí do motel, o sol da tarde castigando minha pele como se quisesse expor minha culpa. Cheguei em casa, o vazio me engolindo assim que fechei a porta atrás de mim. Estava arrasada, o corpo exausto e a alma em frangalhos. Não tinha ninguém a quem recorrer. Luz havia partido para uma excursão pela faculdade, e Esmel, radiante com a tarde no shopping, decidira de última hora dormir na casa da sogra de Amanda. O silêncio da casa ecoava meus próprios tormentos. Levantei-me do sofá, onde havia me jogado assim que cheguei, e fui para o banheiro, buscando algum conforto na água quente. Entrei debaixo do chuveiro, deixando os jatos quentes massagearem meus músculos tensos, mas a imagem de Kairós se vestindo apressadamente, a dor e a raiva estampadas em seu rosto antes de ele atravessar aquela porta, ficava martelando em minha mente, como uma agulha incessante perfurando minhas
Lia Perroni Os dias no hospital se arrastavam em uma névoa de cansaço e preocupação. Eu me recuperava lentamente no quarto, mas minha pequena guerreira precisava de mais tempo e cuidados na incubadora para ganhar peso e força. Cada visita à UTI neonatal era um misto de esperança e apreensão. A porta do meu quarto se abriu, revelando Kleber e Camila hesitantes na entrada. — Eh... nós trouxemos isso para a menina — Kleber disse sem jeito, aproximando-se e me entregando uma sacola. Abri-a com cuidado e um sorriso fraco brotou em meus lábios ao ver as minúsculas roupinhas de bebê, todas em tons delicados de rosa. Um gesto inesperado e gentil. — Obrigada — murmurei, o coração apertado de gratidão. Camila deu um passo à frente, sua postura ainda tensa, mas com um olhar que parecia suavizar um pouco da raiva anterior. Kleber apertou sua mão, oferecendo um apoio silencioso. — Desculpe, Lia. Se não fosse por mim, você não teria passado por todo esse estresse, e sua filha não esta
KairósOs dias se arrastavam em uma tortura lenta e implacável, cada amanhecer trazendo consigo a certeza de mais sofrimento. Não tinha mais noção do tempo, as horas se fundindo em uma névoa de dor e exaustão. Meu corpo implorava por descanso, mas Marcelo não me concedia trégua. Todos os dias, ele retornava com um brilho sádico nos olhos, pronto para infligir mais agonia.A porta enferrujada rangeu, revelando a silhueta de Marcelo contra a luz fraca do corredor. Ele adentrou o quarto com um sorriso largo e forçado, a máscara de normalidade que usava para o mundo exterior completamente desfeita.— Pronto para mais um dia de diversão, Kairós? — perguntou, a voz carregada de um sarcasmo venenoso que me dava ânsias. Seus olhos percorreram meu corpo debilitado, como um predador avaliando sua presa.Um calafrio percorreu meu corpo, não pelo frio do galpão empoeirado, mas pela antecipação da dor que suas palavras prenunciavam. Mantive o olhar fixo no chão, tentando esconder o medo que insis
LiaFinalmente recebi alta do hospital e voltei para casa, trazendo comigo a pequena Eva, um pacotinho de ternura que ainda precisava de muitos cuidados. Meu coração, porém, permanecia apertado pela angústia. As semanas passavam sem notícias de Kairós, e a terrível possibilidade de Marcelo ter feito algo com ele me assombrava a cada instante.— Mamãe, quando eu vou poder pegar a Eva no colo? — Esmel perguntou, seus olhinhos curiosos fixos na irmãzinha adormecida no berço.Sorri com ternura, alisando seus cabelos.— Em breve, meu amor. Ela ainda é muito pequena e precisa ficar mais forte. Seja paciente, tá bom? — pedi, tentando transmitir calma apesar da minha própria apreensão.Ela assentiu com a cabecinha, compreensiva.— Está pronta para ir para a escola? — perguntei, pegando minha bolsa e verificando se tudo estava em ordem.— Tô sim, bora! — Esmel respondeu animadamente, já pegando sua mochila e a pequena bolsa com as coisas de Eva.Descemos juntas para o térreo, encontrando Aman