Lia Perroni
No dia seguinte, recebi alta do hospital. Esmel e eu voltamos para casa, um refúgio que, apesar da aparente normalidade, agora me parecia carregado de apreensão. Na cozinha, Luz preparava o jantar, o aroma reconfortante das ervas pairando no ar.
— Boa tarde, senhora — ela disse, um sorriso caloroso iluminando seu rosto. — Como se sente hoje? — perguntou, a genuína preocupação em seus olhos.
Esmel, com sua energia contagiante, correu para a mesa, pegou uma maçã e a mordeu com satisfação, o som crocante ecoando pelo ambiente.
— Sinto-me fisicamente melhor, mas uma sensação estranha me perturba, como se algo ruim estivesse prestes a acontecer — respondi, minha voz carregada de apreensão.
Luz me encarou, a preocupação evidente em seu olhar.
— A senhora acha que o senhor Marcelo vai tentar algo? — perguntou, a voz baixa.
Marcelo estava desaparecido desde que o mandado de prisão foi emitido. Ninguém sabia de seu paradeiro, e a polícia continuava a procurá-lo. O fato de ele estar