《Pablo》
A sala de reuniões estava abafada, o ar denso como se pesasse sobre os ombros. Cárter falava no tom habitual — preciso, frio, quase mecânico — enquanto meu pai o ouvia com aquela expressão pétrea. Eu tentava acompanhar, mas as palavras escapavam, dissolvendo-se em estratégias processuais, clientes, números… Tudo distante, irrelevante.
O toque estridente do celular cortou o marasmo como uma lâmina. A vibração ecoou sobre a mesa polida, denunciando minha presença. Meu pai e Cárter me fitaram, igualmente irritados.
Recusei a ligação. Segundos depois, o aparelho voltou a chamar, insistente.
— Atenda. — A voz do meu pai foi seca, irrefutável.
Levantei-me, ajeitei o paletó e saí. O corredor silencioso me envolveu como um suspiro de alívio.
📱 Ligação
— Quem é? — rosnei.
— Finalmente! — a voz de Diego carregava um peso sufocante, misto de urgência e desespero. — Preciso da sua ajuda.
Uma risada seca escapou de mim, carregada de incredulidade.
— Da minha ajuda? — r