《Catarina 》
O silêncio no corredor era quase absoluto, cortado apenas pelo som abafado dos equipamentos ainda ligados dentro da sala de testes e o tique irritante dos meus próprios saltos batendo ritmadamente contra o piso de mármore fosco. A luz fria das lâmpadas de emergência deixava tudo com um tom esverdeado e doentio, como se estivéssemos presos num limbo onde o tempo simplesmente se recusava a passar.
Já era quase meia-noite.
As horas pareciam ter escorrido pelos meus dedos desde que cheguei, e o cansaço começava a se acumular nas articulações — pesando nos ombros, tensionando minha mandíbula, roubando a pouca paciência que me restava.
Dei mais dois passos e parei em frente à porta entreaberta da sala. Inclinei-me, espiando por uma fresta.
— Ele resolveu? — perguntei em um sussurro ríspido, mantendo os olhos atentos ao corredor vazio, como quem vigia uma cena de crime prestes a ser descoberta.
Leoni respondeu sem olhar para trás:
— Estou quase terminando.
Quase.
Era sem