— Marcel… — meu sussurro escapou sem que eu percebesse, como um feitiço antigo quebrando sua cela de silêncio.
O nome dele queimava em minha garganta como fel. O corpo do vampiro agonizante jazia à minha frente, mas eu não enxergava mais o sangue em sua pele nem a fumaça negra que ainda saía das queimaduras místicas das marcas de garras profundas em seu tórax.
Tudo o que sentia era o cheiro. Aquele cheiro que eu pensava ter deixado para trás, enterrado junto com meus gritos em celas de pedra e noites sem lua. Dias em que eu passava me arrastando sobre meus pés descalços, com a dor das lacerações em minhas intimidades bloqueado o meu raciocínio, de tão intensas.
Noites na sala de jogos, o cheiro pungente de semem imundo sobre meu corpo. A dor de cada estupro, de cada tapa, e cada soco.
Meu corpo coçava inteiro, como se aquela sujeira voltasse instantaneamente. Eu estava imersa naquele cheiro. O cheiro de Marcel Lockhart.
Minhas mãos, antes firmes, tremeram violentamente. Recuei um pa