Ravena
Sinto um puxão doloroso rasgar minha alma, como se estivessem arrancando-me de dentro para fora, sem me dar chance de gritar. Vozes desesperadoras ecoam em volta, promessas de destruição reverberam contra meus tímpanos.
Estou caindo num abismo sem fim, sem chão, sem salvação. Cada segundo, meu corpo se contorce em agonia enquanto cadáveres tomados por vermes e chamas verdes se reúnem para me devorar viva.
Tento berrar por Ahal, mas minha boca parece selada por mãos invisíveis de ossos e podridão; a voz morre afogada em horror. Tudo parece perdido. Eu estava com Ahal num jardim etéreo, banhada por luz prateada, quando ele disse que o momento havia chegado.
Mas não imaginava que falava da minha morte. Agora, meu “eu” se esvai, dilacerado, consumido; o que entendo por existência se desfaz em pedaços de puro terror. Os mortos e seus espíritos estão me devorando, e eu não posso e não consigo fazer nada.
Deslizo pela escuridão do abismo, sentindo-me puxada para um centro de nada, e