O som dos gritos rasgava a floresta como facas afiadas. Cyrus lutava.Eu sentia seu poder explodindo na linha da cachoeira, sua fúria uma estrela negra queimando no horizonte da minha mente. Mas aqui dentro, na caverna sombria atrás da queda d’água, o horror tinha um nome: Marcel.Seus olhos, eram agora duas crateras negras, repletas de ódio e desejo de destruição. Ele me arrastou pelo chão úmido da caverna, sua respiração arfando feito um animal enlouquecido.— Você é minha! Minha vadia! A puta escrava que eu moldei para o meu prazer! — rosnava, enquanto suas mãos sujas de sangue tentavam me subjugar, tocando meu corpo. — Minha companheira! Você me traiu! Você trepou com aquele vampiro desgraçado! Sinto o fedor dele impregnado em você!O tap@ violento cortou meu rosto, mas nem tive tempo de registrar, porque logo em seguida ele abriu as minhas pernas com brutalidade.- Eu vou te ensinar a respeitar o seu macho, sua puta!Tentei me soltar, mas meu corpo estava fraco. A drenagem dos me
A primeira coisa que senti foi o perfume do incenso de âmbar queimando devagar, misturado ao cheiro amadeirado das paredes de pedra do castelo. A segunda foi o calor. Não o calor ardente da batalha, mas um calor reconfortante, acolhedor. Estava coberta com lençóis espessos de linho negro, e o som distante de uma lareira crepitando preenchia o silêncio ao redor.Meus músculos doíam. Como se eu tivesse lutado contra um exército. E, na verdade, eu lutei. Porque Marcel era um dos meus piores inimigos.Abri os olhos lentamente. Estava deitada no quarto real, reconheci a cama de Cyrus sob meu corpo. O teto abobadado, os candelabros suspensos com cristais escarlates, os cortinados grossos que impediam qualquer luz externa. Um dos painéis de vidro estava entreaberto, e a brisa da noite trazia o cheiro da floresta, e de fogo com sangue.Virei o rosto e encontrei Cyrus sentado ao meu lado, elegantemente, observando-me com um olhar que misturava alívio, fascínio e preocupação.— Você acordou — d
CelesteMarcel jazia nas garras da Fúria como uma oferenda falida. O corpo quase sem vida dele pendia, lânguido, coberto de cortes profundos e rasgos fumegantes. Sua carne exalava magia corrompida, queimada como carvão vil. Partes de seus membros estavam faltando. E mesmo assim, ao vê-lo naquele estado deplorável, algo em mim quebrou. Gritei.Um uivo de fúria, dor e desespero rasgou meu peito enquanto eu corria pela entrada da caverna. Os olhos da Fúria brilhavam em vermelho opaco. Ela havia feito o que eu ordenei, trazer meu lobo de volta. Mas não assim. Não despedaçado. Não a sombra de um cadáver.— Não! — caí de joelhos ao lado dele, o sangue quente manchando meus dedos. — Não era para terminar assim! Ele é meu! MEU!Minha voz ecoou nas profundezas da caverna onde os pergaminhos dançavam ao vento maldito, as velas tremulavam com chamas verdes e o caldeirão de ossos fervia com murmúrios do além. Foi ali que Cadmus surgiu das sombras, arrastando sua longa túnica como se a própria mo
MarcelO cheiro de podridão havia sumido. O ar agora era espesso, mas limpo, como o de uma floresta logo depois da tempestade. Minha garganta ardia. Cada célula do meu corpo doía, latejava, como se tivesse sido reconstruída a partir de cinzas. E, talvez, tenha sido mesmo.Acordei no chão de pedra, nu, com manchas de sangue seco e lama nas pernas. Meus ossos pareciam diferentes, mais... firmes. Minha respiração soava como um trovão preso no peito. Olhei para o teto irregular da caverna e senti uma presença. — Ravena?Minha voz saiu rouca, ferida.O nome surgiu do nada, mas me atravessou como lâmina aquecida. Por que pensei nela? Por que... sentir seu nome era como lembrar da própria existência? Onde ela estava?Tentei me levantar, mas a tontura me fez cair de joelhos. Foi então que percebi. Eu não fazia ideia de onde estava. Nem por que estava nesse lugar.Uma mulher de cabelos platinados e olhos azuis correu até mim. Celeste. A Luna. Havia uma cicatriz que cortava o lado esquerdo de
CyrusA névoa ainda não havia se dissipado por completo quando senti o elo se reabrir. Um fio tênue da mente de François tocou a minha, como um murmúrio no escuro. A princípio, ignorei, ocupado demais verificando os mapas redesenhados com as coordenadas das fendas energéticas na barreira. Mas a pulsação súbita, a tensão latente, obrigou-me a parar.“O que aconteceu?”“Majestade, acabei de voltar ao castelo. E trouxe um prisioneiro.” A voz do meu general estava tensa. Mais do que o usual.Me afastei da mesa da sala de guerra, meu corpo movendo-se com precisão felina até o vitral da torre leste. Do alto, pude ver a movimentação no pátio interno. Sombras Negras posicionando-se em alerta, dois deles carregando uma figura desfalecida, envolta em correntes de aço negro, seladas com runas antigas. Meu sangue ferveu antes que François dissesse qualquer outra coisa.“Ele estava morto. Como esse pedaço de lixo está aqui?!” perguntei irado. “Precisamos conversar. A Luna da Lua Negra o trouxe
RavenaA primeira coisa que senti foi calor.Um calor diferente, terno, que vinha de dentro de mim e se irradiava entre nós, algo como pele contra pele. O cheiro de couro, madeira antiga e rosa com vinho, misturava-se ao aroma inconfundível de Cyrus, ancorando minha alma à realidade antes mesmo que meus olhos se abrissem por completo.Eu estava nos aposentos dele, no castelo. O céu lá fora exibia os tons de âmbar e laranja do amanhecer, filtrando-se pelas longas cortinas de veludo. Meus músculos estavam doloridos, minha mente pesada, e algo dentro de mim parecia... esvaziado. Como se parte de minha essência tivesse sido arrancada, usada e deixada para trás. Laha estava em silêncio. Não dormindo, apenas quieta. Como se estivesse recolhida, digerindo o que havia acontecido.— Você está acordada — murmurou Cyrus ao meu lado. A voz dele sempre carregava esse tom grave, envolvente. Mas agora, havia algo mais. Uma tensão. Um peso.Assenti devagar.— Os lobos foram colocados sob proteção. E
Empregada Antes do dia clarear eu já estava na casa da alcatéia. Precisava ajudar a preparar o café da manhã de todos, e hoje eu sabia que as coisas seriam ainda mais difíceis, por causa dos convidados. A cozinheira gritava com todos, a cozinha estava quente e cheia de fumaça. Alguém tinha queimado alguma coisa. Encarregada de preparar o bacon e os ovos, eu me concentrei no que fazia ignorando todos, como eles faziam comigo. - Ei, você, escrava. – gritou a cozinheira. – Largue isso. O Alfa te convocou ao salão de jogos. Um arrepio sinistro percorreu minha espinha. Da última vez que estive naquele lugar, Alexander quase não me deixou sair viva. Ele me amarrou nua de cabeça para baixo, e rebateu bolas de beisebol contra o meu corpo, como se isso não bastasse, o alfa chamou Marcel e ordenou que ele me desse uma surra por não ser uma boa diversão. Caminhei na direção da sala de jogos tremendo, eu ainda estava muito machucada do dia anterior. Talvez esse fosse meu fim. Bati e es
Não sei por quanto tempo fiquei amarrada naquela mesa, coberta de esperma, sangue e suor. Marcel mantinha seu olhar sobre mim, pronto para recomeçar aquela tortura.Percebi há muito tempo que ele tinha prazer somente no meu sofrimento, isso o excitava demais. - Eu vou te partir ao meio, minha coisinha safada. – meu companheiro me disse enquanto soltava as cordas que prendiam meus tornozelos. Fui puxada para a beirada da mesa de bilhar. Mas de repente alguém bateu na porta, interrompendo a todos. O alfa vestiu suas calças e caminhou até lá. Marcel se vestiu rapidamente, ligando seu link mental com os guardas. - Estamos sob ataque meu alfa! Alguma coisa está dizimando a alcateia! – um dos guardas gritou. O silêncio pairou sobre a sala, podia sentir que eles estavam se preparando para contra atacar. Afinal de contas, eram todos alfas, os mais poderosos dos territórios vizinhos. Um calafrio percorreu meu corpo febril, senti como se algo gelado tomasse conta da sala. Meu corpo enrij