Ravena
O cheiro de fumaça e sangue pairava pesado sobre Northshore, mesmo aqui, no templo antigo onde Cyrus me trouxera para me recuperar, antes de voltarmos ao castelo. A cada respiração, sentia o ar impregnado de morte e magia profana.
Meus sentidos, antes embotados pela exaustão, estavam despertando de novo, como garras rompendo a carne frágil da minha antiga vida.
Eu não era mais a mesma.
Sentada na plataforma de pedra coberta de runas esquecidas, envolta na capa de veludo negro que Cyrus deixara sobre meus ombros, senti a vibração da floresta como uma batida de tambor distante. Algo se aproximava. Algo faminto.
Fechei os olhos, tentando me concentrar. Dentro de mim, a força que havia despertado nas ruínas ainda palpitava, selvagem e descontrolada. Era como tentar conter o mar com as mãos.
As portas do templo rangeram, e eu soube que era ele antes mesmo de abrir os olhos.
Cyrus.
Seu cheiro, sangue, madeira queimada e gelo, preencheu o ambiente antes que sua voz soasse.
— Ravena.