Capítulo 7

Capítulo 7

Willian

Quando decidimos que teríamos um filho, Caio disse que Alex, sua velha amiga, poderia nos ajudar. Uma aspirante a atriz, que ele conheceu quando morou em Nova York.

Mas, quando a conhecemos, vi que era algo mais. O jeito que ela olhava para ele deixava claro que eles tinham tido algo a mais.

Conversamos com ela, deixamos claro todos os pontos, mas apenas um não ficou exatamente como eu queria.

Ela não quis passar por uma inseminação. Ela queria transar com nós dois. Ou era assim, ou nada feito.

Eu resisti à ideia. Não queria esse vínculo.

Mas acabei cedendo. Foram várias noites, nós três juntos, até que o positivo chegasse. Quando chegou, prometemos um ao outro que nunca mais faríamos isso. Mas, pelo jeito, só eu cumpri...

— Caio!

— Não é nada disso, estávamos apenas conversando.

Entrei pro quarto e Caio entrou logo em seguida.

— Willian, não foi nada demais. Você nunca ligou pra quantas mulheres eu fiquei, por que essa implicância com a Alex?

— Com ela não. Já conversamos sobre isso. Ela só quer nos usar. Será que é tão difícil assim de entender?

— Eu sei disso. Eu só fiquei com ela para não fazer uma besteira...

— Besteira? Do que está falando?

— Eu... Deixa pra lá. Estou bêbado, me desculpe. Eu não vou fazer isso de novo.

— De que besteira está falando?

— Nada, Willian. Me deixe em paz, senhor certinho!

Ele virou mais um copo de whisky e saiu pro banheiro. O que está acontecendo aqui?

Fiquei algum tempo ali, escutando ele ligar o chuveiro. E, quando saiu, foi pro outro quarto. Nem insisti. Melhor que fique sozinho nesse estado.

Fui pra cozinha, e Milena estava lá, preparando algo.

— Sem sono?

— Sim. Te acordei? Me desculpe.

— Não, imagina. Impossível ouvir algo daqui nos quartos. Eu nem dormi, minha cabeça está cheia demais.

— O que está fazendo?

— Brownie. O Luan ama. Queria fazer algumas coisas que ele gosta para o café da manhã.

— Quer ajuda?

— Você sabe cozinhar?

— Na verdade, não. Mas posso aprender...

Ela acabou rindo alto, e era um riso tão lindo, quase uma melodia.

— Ah sim, todos podem. Mas está tranquilo, já vou colocar para assar.

Ela colocou a assadeira no forno e sentou na minha frente.

— O que está achando disso tudo?

— Do que especificamente?

— Da sua nova vida em geral... Está feliz?

— Sem dúvidas. É tudo que eu pedi a Deus por tanto tempo. Ser livre... recomeçar...

Eu não sei muito dela, sei o pouco que Ayla contou, e sei que ela sofreu muito. A única família que ela tem é o irmão, pelo que pude entender.

Milena passa uma sensação de que devo proteger ela, de que o mundo é ruim demais para ela. É boa demais para o mundo. Sei que é difícil entender, mas é isso que sinto perto dela.

Eu sinto que preciso protegê-la a todo custo, de tudo e de todos.

A campainha do forno me despertou, e percebi que olhava fixamente para ela, que estava visivelmente desconfortável.

Ela se levantou, tirando a forma do forno, mas soltou rapidamente, queimando a mão. Corri até ela.

— Coloca aqui, na água, para não fazer bolhas.

— Que idiota... O pano era muito fino. Como não percebi...

— Acontece. Mas vamos cuidar para não levantar bolhas. Vou pegar uma pomada no kit de primeiros socorros.

Fui até a despensa procurar e voltei com a pomada. Estava passando na mão dela quando Caio entrou na cozinha.

— O que estão fazendo?

— Milena queimou a mão. Estou ajudando ela.

Falei bruscamente.

Caio se aproximou rapidamente.

— Fez bem. Levantaria uma bolha grande.

Ele não parecia bravo, e aparentemente a bebedeira estava mais leve.

— Preciso de analgésicos. Minha cabeça está doendo demais.

Ele falou seguindo até a caixa de remédios e, voltando com comprimidos, tomou um copo de água até o fim, sem tirar os olhos de nós.

Algo brilhava nele. Parecia... luxúria?

Agora tudo começa a fazer sentido. Ele está interessado nela...

Me afastei dela rapidamente. Milena não é uma mulher para brincar. Isso nunca vai poder acontecer. Agora entendi o que ele disse sobre não fazer uma besteira. Era sobre isso. Era sobre ela...

— Vamos todos pra cama. Está tarde!

Falei abruptamente, soltando a mão dela, e fui saindo, sentindo Caio me seguir.

— Eu entendi!

Falei assim que entramos no quarto.

— Entendeu o quê?

— Você está desejando ela. Você quer a Milena!

Ele virou de costas pra mim, segurou na bancada.

— Ela é... diferente...

— Sim, exatamente. Você não pode chegar perto dela. Ela já sofreu demais!

— Eu sei. Por isso eu acabei fazendo merda. Me desculpe por agir sem pensar...

Fui até ele, virei seu rosto e olhei nos olhos dele.

— Não podemos machucar ela, Caio. Ela não merece essa loucura que vivemos!

— Eu sei. Eu não vou fazer isso. Não vou trazer ela pra nossa loucura. Eu prometo...

Trouxe ele mais próximo, até que nossos lábios se tocaram. Quando optamos por ficar juntos em um relacionamento aberto, sempre tivemos a certeza de que não teríamos sentimentos por outras pessoas. Seria apenas prazer.

Mas ela é tão doce... tão sofrida... Essa sensação de que devemos protegê-la também está mexendo comigo. Mas eu não vou ceder. Não posso...

Assim que o dia amanheceu, o cheiro de café exalava por toda a cobertura. Segui até a sala de jantar, e uma linda mesa estava posta. Milena, carinhosamente, colocava as últimas coisas.

— Bom dia. Como está a mão?

— Está bem melhor. Obrigada pela ajuda ontem.

Caio entrou na sala também, e nós nos sentamos. E nada de Ayla e Luan ainda. Nem Alex.

— Será que devemos chamar os outros?

— Não sei. Vamos esperar mais um pouco...

Servi meu café preto, e logo ela me entregou o brownie com uma cobertura quente de chocolate meio amargo. E olha que eu nem gosto de doce, mas estava simplesmente perfeito...

Assim que dei a segunda garfada, Ayla e Luan apareceram animados, vindo pelo corredor dos quartos. Antes que eu pudesse falar algo, um grito de dor ecoou por toda a cobertura.

— Alex!

Falei em voz alta e corri pra lá com Caio.

— Alex, o que foi?

Entramos no quarto perguntando, procurando por ela. Então entramos no banheiro.

— Alex está aqui! O que houve?

Ela estava na banheira, respirando fundo.

— O que houve, Alex?

— Tá doendo... e tem... sangue...

— Meu Deus! Pega ela, Caio! Ajude ela a se vestir. Vou aprontar o carro.

Nesse momento, o medo me tomou de uma forma avassaladora.

Minha filha... corre perigo.

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