Ellie
A atmosfera mudou em um segundo.
O ar, antes pesado de cigarro e tinta fresca, ficou sufocante, como se a sala tivesse encolhido ao redor de mim. Aquele homem — estranho, magro, com olhos famintos e sorriso torto — me olhava como se eu fosse... algo que ele pudesse pegar. Que ele tivesse direito de pegar.
E eu era só uma menina.
Mas não uma menina burra.
— Quem é você? — perguntei, saindo da cadeira num pulo, o coração já apertando no peito. Tirei os fones e ouvi o barulho abafado da confusão do lado de fora. Gritos, talvez música alta, talvez briga. Era noite de abertura. As pessoas estavam ocupadas demais para notar qualquer coisa.<