Quando a empregada trouxe o prato e os talheres com uma eficiência que quase me fez sentir na realeza, percebi que a batalha estava perdida. Recusar agora pareceria ainda mais infantil do que a discussão sobre o "senhor chuveiro". Soltei um suspiro contido, ajeitei a postura e me sentei com a mesma animação de quem vai arrancar um dente sem anestesia.
Servi-me em silêncio, tentando manter o mínimo de dignidade enquanto sentia aquele olhar dele — o olhar do Sr. Cretino em sua forma mais pura — queimando minha existência como um raio laser de julgamento. Pela primeira vez em anos, mastiguei cenoura. Cenoura! Como se aquilo não fosse um crime contra o paladar.
Mas ali estava eu, enfiando aquelas tiras alaranjadas boca adentro, só para não ver a sobrancelha dele subir em superioridade. A