Capítulo 1: Lorena Monteiro...
Sentada na janela do meu quarto, um pequeno espaço que ainda carrega os vestigios de nossa recente mudança, observo a linda Flórida através do vidro embaçado pela chuva que caí lá fora. As gotas escorrem lentamente pela janela, formando pequenos rios que dançam ao toque do vento. Respirei fundo, a cidade está envolta em um manto cinza com as nuvens pesadas que parecem refletir o meu estado emocional atual, tudo parece compartilhar de minha melancolia. O aperto em meu coração é sufocante... Contemplo as pessoas apressadas pelas ruas com suas sombrinhas, parecem tão focadas em seus caminhos. Enquanto eu me sinto perdida, desorientada e buscando respostas para tanto sofrimento. Os ecos da decpção que abalou a minha vida, seguido pela pior dor que uma mulher pode sentir ressoam em minha mente, as dolorosas lembranças parecem não querer se dissipar. A vida havia sido tão cheia de promessas e tudo desmoronou ao meu redor. Envolvo os braços em torno dos joelhos, buscando conforto. A franja de meus longos cabelos ondulados castanho escuros, caem levemente sobre os meus olhos, escondendo as lágrimas que ameaçam surgir. Um soluço escapa de meus lábios, enquanto eu me permito sentir a tristeza que me invade. A chuva persistia do lado de fora, como se refletisse as minhas lágrimas, me lembrando de que a dor é uma parte natural da vida. Ela traz algo reconfortante, uma sensação de renovação e esperança. Saio de meus devaneios, com meu irmão Murilo sentando-se na minha frente, com uma xícara em suas mãos. — Trouxe para você, a tia Gisa acabou de preparar! Agradeço, pegando a xícara de chocolate quente. — Mana, já faz uma semana que chegamos na Flórida e ainda não saiu desse quarto! Estamos preocupados com você! — Ainda doí muito! — Sabemos, mas tem que seguir em frente! Pense que estamos aqui para recomeçar as nossas vidas, num país diferente, cheio de novas oportunidades a nossa espera! — Mana... — diz minha irmã Milena entrando no quarto. — Murilo tem razão! É apenas uma questão de tempo para que possa encontrar seu caminho novamente! A preocupação em seus semblantes, faz o meu coração se apertar. Eu os coloquei nessa situação e precisam do meu apoio, nessa nova fase de nossas vidas. Dei uma última olhada do lado de fora, dei um suspiro profundo e decidi que não deixarei essa fase difícil definir quem eu sou. A vida é cheia de altos e baixos e chegou a hora de começar a reconstruir a minha história... um dia de cada vez. Forcei um sorriso, eles pousaram suas mãos sobre as minhas passando conforto, sorri e selamos aquele momento com um abraço apertado. — Nós te amamos, mana! — Também amo voces! — Estaremos sempre aqui! Sempre! — conclui Murilo. Meus irmãos são a minha base, meu alicerce. Desde a infância, aprendemos valores importante sobre a família e a união. A família é o nosso bem mais precioso, devemos zelar e cuidar com todo amor. Somos melhores amigos, confidentes, conselheiros, ouvintes e as vezes pai e mãe. Quando necessário, também rola alguns puxões de orelha. Nossos pais faleceram misteriosamente há alguns anos. Desde então, as nossas vidas parecem ter dado uma volta de 360° graus negativamente. Toda a felicidade e amor que tivemos com eles se desfez quando morreram e desde então só foi pesadelo. Sou Lorena Monteiro, 24 anos, atualmente solteira e formada em direito, mas não consegui exercer a minha carreira. Tenho 1,65 de altura, olhos castanho escuro, corpo atlético e cintura definida. Sou uma mulher doce e mesmo com as adversidades da vida, sou uma pessoa educada, íntegra e de caráter. Aconteceram fatos que destruíram a minha vida e tenho marcas profundas, as vezes acho que não vou conseguir superar. Pergunto a mim mesmo, o que é que fiz de tão errado para merecer tanto sofrimento. Recentemente fugimos e viemos morar com nossa tia Gisa, ela é irmã da nossa mãe e veio para os Estados Unidos, com 16 anos trabalhar para uma família multimilionária. Ela tem uma vida estável aqui, não sei o motivo, mas nunca conseguiu sair dos Estados Unidos. Após a morte de nossos pais, nos convidou várias vezes para vir e só agora conseguimos tomar coragem e seguir novos caminhos. Tentando seguir em frente e esquecer tudo o que aconteceu. Após longos minutos aconchegada naquele abraço, nos afastamos quando tia Gisa entrou no quarto. — Já chega de choro! Vieram recomeçar, então vamos mandar essa tristeza para o Brasil e focar nessa nova chance que a vida está lhes dando! — diz animada. Sorrimos e concordamos com ela. A mulher fez eu me levantar, lavar o rosto, me trocar e saímos com ela para conhecer a cidade. Optei por um suéter de trico listrado com um decote em V, colorido de mangas compridas. Uma calça jeans justa escura e nos pés um all star cano alto branco. E prendi meus cabelos num coque alto. Ao abrir a porta da casa, a brisa fresca e úmida da manhã nos envolveu como um abraço. Caminhamos ouvindo a agitação da cidade, crianças brincado e os pássaros cantando em pano de fundo. Cada passo fazia a tristeza se afastar da minha mente. Tia Gisa, contava histórias sobre os locais aos quais passávamos. Logo estávamos entretidos e encantados pelas maravilhas daquela cidade, entre conversas e risos alegres. Em um parque, fizemos a promessa de que sempre estaremos um do lado do outro, não importa o que aconteça. Sabemos que a vida pode ser imprevisível, mas a promessa de estarmos sempre juntos é um porto seguro em meio a tempestade. Voltamos para a casa conversando, temos que encontrar um trabalho para ajudar a nossa tia. O meu irmão era policial no Brasil, mas não quer seguir essa carreira aqui e pediu para em hipótese nenhuma comentarmos isso com estranhos. Tia Gisa, disse que na mansão onde trabalha estão precisando de uma arrumadeira, eu prontamente me disponibilizei. — Mas mana, você já se formou em direito, devia arrumar um emprego na sua área de formação! — questiona Murilo. — Terei tempo para isso! O importante agora é arrumar um trabalho para ajudar a tia com as despesas e Milena voltar a estudar! Nunca tive medo de trabalho e não vou desistir da profissão que escolhi, vou entregar currículos por aí, mas com um trabalho garantido! — minto o final. Não tenho mais a intenção de advogar. — Estou muito feliz que estão aqui, meus sobrinhos queridos! Sorrimos e ela nos abraçou forte. Assim que chegamos, tia Gisa ligou para a mansão Lawrence e conseguiu uma entrevista para amanhã de manhã com a senhora Lawrence. Tenho que causar uma boa impressão, tenho que conseguir esse emprego, não quero dar trabalho para a nossa tia.