Eu não conseguia acreditar que estava fazendo isso, mas estava. Espionando um ex com outro ex. A combinação era apoteótica e hilária. Em vez de estar descansando neste fim de semana, me encontrava aqui com Luciano, no carro dele, nos arredores do apartamento de Mateo.
Luciano aparentemente tinha um laptop guardado numa mochila escondida neste veículo, e nele estava digitando códigos que eu não conseguia entender. Olho novamente para a saída do estacionamento traseiro do edifício. Nos posicionamos aqui, não pela porta principal, porque era a que meu ex-parceiro costumava usar.
Vejo alguns carros entrando, nenhum deles é o de Mateo. Estamos aqui há talvez uma hora, com meus olhos fixos na rua. Penso que podemos ficar o dia inteiro sem resultados. Não aguento ficar mais tempo sem falar.
—Esta é sua estratégia para me fazer acreditar em bobagens sobre Mateo? Vigiar o prédio dele e só? — digo a Luciano.
Ele nem se incomoda em me olhar, continua ali digitando obsessivamente no computador.
—V