Cheguei exausta do trabalho. A cabeça latejava e o estômago retorcia de enjoo — tudo culpa da bebedeira de ontem.
Abri o portão e, ainda na escada, tirei os sapatos vermelhos. Fui subindo os degraus. A porta estava aberta, um cheirinho de bolo preenchia a cozinha, voando diretamente para minhas narinas.
— Oi, querida — a senhora saudou, toda simpática.
— Então você não é uma alucinação — meio que resmunguei, e entrei de vez em minha casa.
Ela sorriu.
— Fiz bolo de chocolate. A gente adora.
— Ahá! Te peguei! Eu não sei fazer bolo. Sendo assim, a senhora não passa de uma espiã ou algo do tipo. Eu sabia! Sa-bia!
— Dá pra você ficar quieta? — ralhou. — Acho melhor você se sentar, tem coisas da sua vida que ainda precisa saber.
Arriei os ombros, puxei uma cadeira e me sentei, meio aflita, meio curiosa.
— Ano que vem a empresa pra qual trabalha vai declarar falência. Você vai pro olho da rua. E tudo bem, já que você não gosta muito da área. Então irá