Carlos Eduardo Salvatore
Só poderia ter sido ela... Aquela meio metro de gente, tenho total certeza de que foi ela que fez a reclamação ao síndico do prédio. Quando a campainha tocou mais cedo, achei que fosse minha irmã Maria Clara ou meu melhor amigo Rafael. Eles têm livre acesso na portaria. Mas me surpreendi quando abri a porta e vi seu Rogério com uma cara de dor de barriga.
— Boa tarde, seu Carlos Eduardo? — ele olha com interesse para dentro.
— Boa tarde! Em que posso ajudá-lo, seu Rogério?
— Bom... será que podemos ter uma palavrinha por um instante? — ele mexe nas mãos um pouco nervoso.
— Claro! — eu concordo, sorrindo e sendo educado. — Mas infelizmente não vou convidá-lo para entrar, como o senhor mesmo pode ver, está um pouco bagunçado por causa da reforma.
— Então... é justamente por causa dela que estou aqui — disse seu Rogério, com um tom de voz que misturava preocupação e um toque de formalidade.
Eu franzi a testa, sentindo uma leve apreensão. O que poderia ter a