6. A primeira cavalgada
Clarice
O vento tinha um cheiro diferente ali — uma mistura de terra úmida, capim fresco e algo mais profundo, quase indizível, que se infiltrava em mim sem pedir licença. Cada inspiração parecia desfazer, pouco a pouco, os nós que eu carregava no peito havia tanto tempo. Era como se aquele ar tocasse feridas antigas e, ao mesmo tempo, prometesse cura. Meu coração batia num ritmo estranho, entre o medo e o alívio, entre o desejo de fugir e a vontade silenciosa de ficar. Talvez fosse liberdade… ou talvez fosse o instante exato em que percebi que minha vida estava mudando, mesmo sem minha permissão. Um caminho que eu não planejei, não pedi, mas que agora me chamava com uma força suave e inevitável — e, pela primeira vez, eu não quis resistir.
John caminhava alguns passos à frente, a mão firme envolvendo a de Aurora, enquanto ela saltitava, incapaz de conter a própria alegria. Eu os seguia em silêncio, mas por dentro tudo em mim estava em movimento. Havia algo naquela cena que apertava