Capítulo 8. Discórdia

Chegando em casa, Romão viu que, sua mãe, andava de um lado para o outro na sala, perturbada com a presença de Raquel, sentada no sofá.

— Que bom que você chegou, meu filho, deu tudo certo?

— Claro que sim, mamãe.

— Ela reclamou ou fez escândalo, como foi?

Enquanto a mãe falava, Raquel levantou-se e grudou-se em seu braço, emburrada.

— Foi bem mais tranquilo do que eu esperava. — olhou para Raquel. — Aliás, aproveitando que você está aqui, precisamos conversar.

— Ela não só está aqui, ela se mudou para cá. Chegou com duas malas e se instalou no seu quarto.

— Obrigado, mãe. Vamos para o escritório, Raquel.

 Ele segurou-a pelo braço. Amava-a por sua doçura e delicadeza, por sempre o apoiar sem ligar para o seu passado de Dono do morro, mas se instalar em sua casa, no seu quarto, sem pedir permissão? Foi um grande erro.

 Agora que ele estava casado, como o grande empresário que é, não pode deixar nenhum escândalo desse tipo vazar e atrapalhar seus negócios. Também tinha o fato do que ela contou sobre a irmã não ser verdade, ela precisava se explicar. 

Lia era educada, cumpridora de seus deveres, mais racional do que passional, sem contar que era virgem. Mesmo com a maneira dele a tratar, só pediu uma coisa, que ele não usasse violência com ela e foi justamente o que ele fez.

— Você está com raiva de mim, amorzinho? — Choramingou Raquel, abraçando o braço dele e tirando-o de suas reflexões. 

Entrou no escritório e fechou a porta.

— Por que você se mudou para cá, Raquel? O que você pretende, afrontar a sua irmã? Estamos fazendo isso porque você não pode mais ter filhos e você quer causar confusão?

— Sinto ciúmes, não consigo pensar em você na cama com ela. — Choramingou ela, novamente, fazendo beicinho.

 Ele nunca resistia quando ela falava assim e por isso, ela sempre tinha esse comportamento, quando queria amansá-lo.

— Então, não pense! Foi para você não sofrer que levei sua irmã para a cabana. Assim, você não presenciou nada, mas ficar aqui, vendo a barriga dela crescer e nosso convívio todo dia, não será bom para você.

— Você jura que não gostou dela?

 O jeitinho dela de sofrimento, chorando sentida por causa de ciúmes dele, comoveu-o e ele a abraçou. Queria perguntar sobre a virgindade de Lia, mas não teve coragem.

Você terá que voltar para a casa do seu pai, não podemos ter nenhum escândalo envolvendo nossas famílias.

— Eu sei…— Fez mais beicinho. — Mas quando vou poder te ver? Vou morrer de saudades e ciúmes.

— É só por um ano e você concordou com isso. Além disso, só vou transar com ela até ela engravidar.

— Está bem, mas você promete que vai me ver sempre?

— Prometo, você sabe que não sei ficar sem você.

Passaram um bom tempo namorando, até sua mãe bater na porta e chamar para o almoço.

Enquanto isso, na cabana, Lia passou um bom tempo deitada no sofá. Seu corpo estava dolorido, principalmente a área íntima. Sempre se considerou forte e dona de si mesma, jamais imaginou passar por essa situação. 

“Passei os últimos sete anos dedicada à minha carreira. Me formei com louvor, consegui vaga em uma excelente firma, ganhei prêmios e montei meu próprio negócio. Fiz muitos sacrifícios para honrar os meus pais e para isso, deixei de lado a vida sentimental. Para quê, se agora terminei aqui?

 Fui roubada, traída, enganada, abusada e colocada em cárcere privado. Não sou daquelas que brigam e esperneiam por causa perdida e nem tão pouco das que relaxam e gozam, mas prefiro mil vezes, resolver as coisas pacificamente.

 “Pela primeira vez, estou sendo tão desrespeitada e afrontada, não sei o que fazer, já que não tenho força física e nem tenho como pedir socorro. Só me resta manter a saúde mental e aguentar, até conseguir recuperar minha vida.” 

Pensando assim, ela se permitiu chorar, sentindo pena de si mesma, até seu estômago roncar e ela ir à cozinha verificar o que podia fazer para comer. Abriu a geladeira e depois a despensa, confirmou que ele falou a verdade, estavam bem abastecidos de alimentos.

— Não vou me privar de uma boa refeição, sei que o melhor remédio para não entrar em depressão é uma boa alimentação.

Preparou bife de filé mignon, purê de batatas e salada. Havia se habituado a comer como os estrangeiros, sem feijão e arroz. Aquela refeição simples foi maravilhosa para sua barriga e para seu humor. 

Depois de limpar tudo, foi procurar o que fazer, mas era uma cabana de caça, não tinha televisão, rádio e nem livros. Lembrou que ele levou sua mala para o quarto e ela correu para ver se era a mala certa.

— Olha só, é você, lindinha, minha mala especial...

Falou com a mala como se fosse uma pessoa. Pegoua e foi até a porta, olhar se ele ou outra pessoa estava vindo e voltou. Tirou as roupas da mala, arrumou no guarda-roupas e buscou no compartimento falso, no fundo da mala, o seu aparelho celular de emergência.

— Aqui está você, meu salvador. 

Abriu o celular e ligou. Quando apareceu a tela colorida, usou a impressão digital e liberou o acesso aos aplicativos. Vibrou ao ver tudo funcionando, mas quando tentou ligar para seu escritório, não tinha sinal. 

Até sua rede de dados estava quase nula e ela não conseguiu usar nenhum aplicativo on line. Examinou a casa toda para ver se tinha algum bloqueador, mas não achou nada.

— Essa área é muito erma, não deve ter torre próxima ou o bloqueador está em outro lugar. Tudo isso me deixou exausta. 

Resolveu tomar um banho. Colocou mais spray, vestiu um baby dool e deitou-se para dormir, quando acordasse, pensaria no que fazer. 

Romão levou Raquel de volta para a casa dos pais e pediu para conversar com o sogro, que o levou para o escritório.

— Então Romão, como está minha filha, ela reclamou muito?

— Minha esposa está bem e ela se comportou melhor do que eu esperava e é por isso que quero conversar com o senhor.

— Me senti um calhorda com o que fiz. Traí a minha própria filha.

— Eu pensei que Lia era mais enérgica e descontrolada, mas ela me pareceu bem racional. Depois que leu o contrato que assinou e aquela cláusula específica, se conformou.

— Lia passou sete anos na Inglaterra, onde as pessoas são mais controladas. Na verdade, não sei como está o temperamento dela, agora. Ela voltou e contou que se formou, trabalhou em um escritório e depois trabalhou por conta própria.

Romão franziu a testa, pensando que podia ser desse “por conta própria” que surgiu a ideia de que ela era prostituta.

— Qual a profissão dela?

— Não te disse quando a apresentei? Ela é arquiteta e ganhou muitos prêmios no exterior.

— E ela nunca enviou dinheiro para vocês?

Carlos coçou a cabeça, sem saber o que responder, se contasse que sim e que Raquel roubou o dinheiro, podia atrapalhar o relacionamento da filha, manchando sua reputação. Mas se dissesse que não, deporia contra Lia, fazendo-a parecer uma filha ingrata.

— Bem, isso não vem ao caso, agora. Ela deve ter tido muitas dificuldades sozinha em um país estranho e graças a Deus, voltou para nós.

 

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