Capítulo 7. Champanhe

Na casa da família Brandão, sem ter noção do que a filha passava, Carlos expulsou a rolha da garrafa de champanhe, que estourou, e todos comemoraram.

— Estamos salvos. Eu sabia que aquela menina um dia iria me servir e muito. — Regozijou-se ele.

— Mas era eu quem devia ter me casado com Romão. — reclamou Raquel.

— Pare de ser ingrata. Sua irmã está lhe fazendo um favor, mesmo depois de você ter roubado todo o dinheiro que ela nos enviou e você ainda está reclamando? 

— É mãe, mas agora é ela que está se refestelando com ele, o meu homem, o meu macho que deveria estar comigo. 

Carlos não teve dúvida, ao ouvir a forma vulgar com que sua filha estava falando, levantou a mão e acertou seu rosto com um forte tapa. As duas mulheres ficaram horrorizadas, nunca tinham sido agredidas desta forma.       

— O que pensa que está fazendo, Carlos? Como se atreve a b**er na cara da nossa filha? Não sabe que não se b**e na cara de ninguém, principalmente de uma mulher?

— Ela não é ninguém, é a minha filha e se eu não a corrigir, quem corrigirá, você?

— Puxa, pai, eu tô sofrendo… — Choramingou Raquel.

— Porque quer. Você plantou o que está colhendo. Resolveu fazer um aborto nestas clínicas clandestinas, acabou perdendo o útero e ficando estéril. Gastar o dinheiro que não tinha para poder salvar a própria vida. Você pensa que é fácil para mim, como pai, engolir essa situação e ainda usar a própria filha mais velha, para encobrir os erros da mais nova?

— Mas pai…

— Enche a boca de champanhe e fique calada. Não quero mais ouvir sua voz, quero desfrutar da satisfação de nosso plano ter dado certo e nossa vida futura melhorar.

Raquel calou-se, procurando não se lembrar de que seu amado estava na cama com sua irmã. Conhecia bem a prática dele, sabia que nenhuma mulher o resistia e que sua irmã também não resistiria, tinha medo de perdê-lo para ela.  

Na cabeça distorcida de Raquel, todo o dinheiro que sua irmã ganhou e mandou para casa, era sujo. Ela não fazia ideia de tudo que uma arquiteta famosa, cheia de prêmios no exterior, podia ganhar e que a irmã tinha sua própria empresa e muito sucesso na profissão.

A noite passou e quando amanheceu, Lia acordou sem acreditar que aquilo tudo, realmente aconteceu com ela. Não queria abrir os olhos para não ter a certeza da realidade. Porém, seu estômago roncou e ela não podia mais adiar se levantar e encarar de frente o que estava por vir. 

— Acordou, preguiçosa? Já passa das dez, preparei o café. — disse Romão da porta e saiu.

“Ainda ousa me chamar de preguiçosa, depois de tudo que me fez passar, que estúpido.” Pensou ela.

Vendo que havia um roupão ao pé da cama, vestiu-o, levantando-se e sentindo seu corpo dolorido, assim como sua área entre as coxas, ardida. Andou com dificuldade até o banheiro e conseguiu tomar um banho, lavando-se bem, apesar da dor.

Percebeu que havia um spray íntimo para aliviar a dor e usou, sentindo um alívio imediato. Escovou os dentes e quando saiu do banheiro, vestida com o roupão, notou que ele havia colocado a mala dela no quarto. Pegou uma roupa qualquer e vestiu-se rapidamente, com medo de que ele entrasse. 

Saiu do quarto e já estava na sala que era conjugada com a cozinha. Viu-o sentado à mesa, tomando seu café da manhã, sem esperar por ela. Foi até lá e sentou-se na cadeira vaga, notando sobre a mesa, a jarra de café, torradas, ovos mexidos e embutidos.

— Bom dia. Foi você quem preparou tudo?

— Qual o problema? Não está bom o suficiente para a princesa?

Ela levantou o rosto e olhou para ele com a testa franzida, por que ele a tratava assim, como se ela fosse uma mulher qualquer, arrogante e cheia de exigências?

— Eu não sei o porquê desta imagem que você faz de mim e nem quero saber. Perguntei por perguntar... 

Ela serviu-se de uma torrada e uma xícara de café, apenas. Levantou-se e foi comer sentada na poltrona da sala. Se era para ser implicante, não iria comer olhando para a cara dele. 

Romão conjecturava em seus pensamentos:       

“Ela parece arrogante, porém não parece esnobe. Raquel disse que ela ganhou a vida como prostituta, mas era virgem. Depois que viu a essência do contrato e que foi enganada, até tentou fugir, mas quando percebeu que não teria escolha, não fez escândalo ou tentou argumentar. Quem é esta mulher? Será que Raquel conhece bem a irmã?”

— Não gosta de ovos mexidos?

— Não gosto de comer olhando para uma carranca, perco o apetite.

— Continue com esse comportamento e só terá pão e água.

— Controlar a minha vida também faz parte do contrato?

Ela viu o contrato jogado sobre a mesa de centro e pegou-o, já havia terminado de comer a torrada e só segurava a xícara de café. Só então, leu o contrato que não tinha lido por completo. 

Depois de um tempo, deixou-o de lado, tendo percebido que a única diferença do que seu pai havia dito, era o fato de que teria que ter um filho no prazo de um ano. 

— Quando eu engravidar, poderei sair daqui e ter minha vida normal, como diz o contrato?

Levantando-se, ele sentou-se na poltrona em frente a ela, achou melhor conversarem e esclarecerem como seria o próximo ano.

— Não pense que gosto de ficar com você. Esse filho é exigência da minha mãe e quando for confirmado que está grávida, te levarei para minha casa e minha mãe cuidará de você.

— Você mora com sua mãe? 

— Não, minha mãe mora comigo.

 Lia observou-o sentado, com uma perna cruzada sobre a outra e percebeu que ele ocupava muito espaço. Não pelo tamanho da poltrona, mas pela postura e autoridade que deixava transparecer. Mesmo com aquela expressão arrogante, ele continuava bonito. 

Estava vestido casualmente, com uma calça de moletom e uma camiseta de manga, mesmo assim, parecia elegante. Seu cabelo curto, que ontem estava muito bem penteado, hoje estava normal, caído na testa, dando-lhe um ar mais jovial. 

Porém, apesar da boa aparência, causava-lhe nojo, pois sua personalidade e caráter, eram muito feios.

— Não preciso de uma ama seca me cuidando, sou uma mulher adulta e independente. Vou cumprir o contrato e ter esse filho.

— Não pense que ficaremos casados e dividiremos a guarda, esse filho será só meu.

 Depois do que ele fez na noite passada, ela não queria ter mais nenhuma relação com ele, nem ser mãe desse filho. Sempre que olhasse para a criança, lembraria da violência que sofreu. Só ela sabia como se sentia, tendo que olhar para ele de frente, como estava agora.

— Ficaremos trancados aqui durante quinze dias?

Isso é cárcere privado.

— Você ficará, eu não. É só uma medida de prevenção para você não fugir. Não tenha dúvida de que, se você tentar, sofrerá as consequências.

— O quê, vai me bater?

Existem formas melhores de torturar alguém. Bem, agora já está na minha hora. Tem suprimentos na cozinha, se vira para fazer o que comer. 

Ele saiu e trancou a porta. Ela ouviu o som do carro partindo e ficou furiosa, pois ele estava usando o carro dela. Não tinha muito o que fazer e estava muito dolorida para ficar andando, mas o ambiente era pequeno e ela examinou tudo. 

Não tinha nada para entretê-la, inclusive, não tinha levado sua bolsa com seus documentos e o celular. Estava totalmente incomunicável.

— Desgraçado. Me colocou em cárcere privado e não terei provas para processá-lo depois.

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