Vincent
Era como flutuar num oceano sem fim, onde o tempo não existia e a dor parecia uma memória distante. Mas então… algo me puxou. Um som. Uma voz. A única que eu reconheceria em qualquer lugar do mundo.
"Você vai ser pai, meu amor."
As palavras atravessaram a escuridão como uma lâmina, abrindo caminho até onde eu estava. Um sussurro que me prendeu à vida com mais força do que qualquer médico ou máquina. A cada noite, ela falava comigo. Às vezes baixinho. Às vezes com medo. Às vezes… com lágrimas que queimavam meu peito.E eu quis voltar para ela , por eles .
Lutei. Me agarrei àquela voz como um soldado perdido que avista a bandeira da própria pátria. Aos poucos, o som do mundo foi voltando. Primeiro fraco, depois com mais nitidez. O bip dos aparelhos. O cheiro do hospital. A respiração dela.
E foi quando pensei que já não conseguiria segurar por mais tempo, ela encostou a cabeça no meu peito e disse que estava cansada.
"Eu não sei até quando consigo, Vincent."
Foi ali que ro