Wl A primeira vez que vi minha filha chorar por causa de um homem, ela ainda era criança. Caiu da bicicleta e correu pros meus braços porque o menino da rua riu dela. Jurei ali que ninguém machucaria o coração dela sem ter que passar por mim primeiro.Hoje, parado no meio de um galpão destruído, depois de ouvir os relatos de tiros, traições e ameaças, eu via aquele mesmo brilho nos olhos dela. Só que não era mais choro. Era fogo. E o homem que estava ao lado dela… não era qualquer um.Vincent não me olhou com arrogância, nem tentou se justificar. Ele estava ferido, sujo de sangue e fuligem, mas havia algo inegável nos olhos dele verdade. Um homem marcado por suas escolhas, sim, mas firme ao lado da minha filha.Bruninho brincava com a ideia de um churrasco na laje, como se não tivéssemos acabado de sair do olho do furacão. E ainda assim, eu sorria. Porque ali estava o que mais importa pra um pai saber que sua filha era amada, protegida, de pé.— Vai ter churrasco, sim — Vincent diss
MirellaQuando Vincent chegou e me pediu para me arrumar que ele ia me levar a um lugar especial , eu desconfiei. Ele tinha aquele olhar misterioso, o mesmo que usava quando ia fazer algo grandioso… ou muito perigoso.— Só confia em mim, princesa — ele disse, beijando minha testa.Confiar em Vincent? Eu já fazia isso com o coração inteiro.Me arrumei sem saber o que esperar. O carro nos levou até um restaurante nos arredores da cidade, onde luzes suaves iluminavam a fachada. Assim que a porta se abriu, senti um nó na garganta.O lugar era lindo aconchegante estava reservado inteiro somente para nos . Mesas com flores, luzes penduradas como estrelas, e uma música suave preenchendo o ar. Parecia que eu tinha entrado num pedaço do Brasil dentro dos Estados Unidos.E então eles apareceram.Meu pai , com um sorriso que há dias eu não via, tio Bruninho, tio RB, tio Renan, até o tio Allan, que piscou pra mim como um tio arteiro.— O que tá acontecendo? — perguntei, rindo e quase chorando ao me
VincentO escritório do meu pai sempre teve cheiro de poder. Couro velho, charuto caro, e um leve perfume de pólvora como se as paredes ainda lembrassem de cada decisão que matou ou salvou uma geração inteira.Entrei sem ser anunciado. Julian ficou do lado de fora, como combinamos junto com Allan . A notícia que eu carregava não era de subordinado para superior. Era de um novo rei para o antigo.Meu pai ergueu os olhos com lentidão. Estava com o copo de uísque na mão, como sempre. E aquela expressão fria, calculista, que aprendi a decifrar desde criança.— Vincent.— Preciso que saiba de uma coisa. E não vai gostar. Ele recostou na cadeira. — Você se casou com a brasileira? — Ainda não mas vou . Mirella é minha futura esposa eu não tenho duvidas disso . Eu fiz aliança com a família dela o jogo mudou . Os olhos dele estreitaram. — Como assim, "família dela"?— Estou falando da facção da Brasileira. Do morro. Da periferia que você sempre ignorou. Allan, nosso fornecedor de armas h
Don Alberto Patriarca da família de GiuliettaO abrigo era úmido, enterrado sob as ruínas de um antigo cassino na fronteira da Sicília. O barulho de geradores e o cheiro de óleo queimado se misturavam com o da raiva represada. Mercenários armados circulavam como predadores, esperando ordens.Eu estava diante do altar improvisado, onde os retratos dos antigos líderes da família estavam dispostos com velas acesas. Minhas mãos tremiam. O cálice de vinho entre os dedos parecia pesar toneladas.Foi quando Matteo entrou. O rosto pálido. Os olhos sem vida, todo machucado .— Fala. — exigi, antes mesmo que ele abrisse a boca.— Giulietta... — ele engoliu seco. — Vincent executou ela. Sem misericórdia. Eu consegui escapar .Meu mundo parou. O sangue me gelou nas veias, antes de ferver.— Quem mais sabe?— Só nós, Ainda. Allan o fornecedor de armas estava com ele e seu fiel escudeiro Julian . Dois tiros . Eles queimaram qualquer vestígio. A taça caiu da minha mão e se estilhaçou no chão de pedr
MirellaAlguns dias depois .... Meu pai é meus tios voltaram para o Brasil ontem , agora a guerra era por lá, e parece que as coisas estão feias , Vincent enviou alguns de seus soldados pra ajudar assim como eles ajudaram aqui , eu estou aflita confesso , não estou muito com cabeça , mas por aqui as coisas tem que andar , o casamento já tem data e eu não tenho nem o vestido , mas decidi que isso muda hoje . Sai da faculdade decidida a ir atrás de um vestido , nada muito extravagante mas que me faça sentir bem , e isso que eu vou procurar . Vincent , delegou seus homens especificamente para me acompanhar hoje nessa procura , oque eu achei estranho e que até o Julian seu braço direito está aqui. Entrei em uma loja em que um belo vestidoo da vitrini me chamou atenção. A loja era linda. Espelhos por todos os lados, tecidos leves flutuando como nuvens, e um aroma suave de flores brancas que me fazia pensar, por um segundo, que eu estava segura. Mas eu sabia que não estava.Três homens e
VincentJulian entrou na sala sem bater. O olhar dele dizia mais do que qualquer palavra.— Ela não apareceu nos nossos radares antes. Nenhum registro ligado diretamente à Giulietta ou à família dela — ele falou, jogando um tablet sobre a mesa. — Mas agora temos um rosto.A imagem era nítida, Mirella de pé em frente ao espelho da boutique e, ao lado dela, a mulher. Alta, expressão delicada, olhos de vidro. O tipo de beleza que te faz baixar a guarda.Mas eu aprendi a nunca confiar em belas embalagens.— Nome? — perguntei, sem tirar os olhos da tela.— Elena Rossetti. Nome limpo, documentação perfeita, passaporte italiano recente, entrada nos EUA há quatro meses. Mas... — Julian deslizou para a próxima imagem. — Aqui está o detalhe, o sobrenome de nascimento da mãe dela é Bellini. Filha de uma prima direta do patriarca que fundou o clã de Giulietta. Minha mandíbula travou.— Então é sangue do sangue.— Exato. E não é uma peça solta. Desde que Giulietta caiu, parte da família dela sumiu
MirellaÉ um desafio diário morar em outro país, longe de toda a minha família. Um país totalmente diferente, com outra cultura, outro ritmo ,até o sono aqui é diferente! E, principalmente... a comida. Sempre fui muito regrada, mas morando nos Estados Unidos não dá pra manter esse ritmo. A maioria dos lugares só serve lanche. Café da manhã com hambúrguer e batata frita... essas coisas.Comida brasileira mesmo, a gente só encontra em poucos lugares e, quando encontra, não tem aquele sabor gostoso de comida de mãe. Nossa, estou sentindo tanta falta da comida da minha mãe! O que tem me salvado são umas marmitinhas que encontro prontas no supermercado saladas, carne, peixe, frutas... tudo embalado, só pegar e comer.Vida de estudante não está nada fácil. Quando não estou estudando, estou dormindo. Quando não estou dormindo, estou estudando [risos]. A correria tá grande, a rotina mais louca da minha vida. Nem quando eu fazia curso e trabalhava era desse jeito. Aqui, eu tenho que me desdobr
VincentSou Vincent Mangano, tenho 34 anos e faço parte da família Gambino. Somos uma das cinco famílias que formam a organização da máfia italiana. Sou o próximo na linha de sucessão. Meu avô, Carlo Gambino, comandou a organização entre 1957 e 1976, até ser assassinado por inimigos. Depois, o comando passou para meu tio mais velho, que anos depois morreu de câncer. Desde então, quem está à frente é meu pai, Paul Gambino. Em breve, serei eu — assim que me casar.Dominamos a maior parte do território de Nova Iorque: Brooklyn, Staten Island, Manhattan, entre outras regiões.Atualmente, curso Medicina em Harvard. Não apenas por gosto pessoal, mas também como uma forma estratégica de despistar investigações. Além disso, ser cirurgião pode ser útil em tempos de guerra entre famílias. Quando os conflitos se estendem por meses, sempre temos feridos do nosso lado. E eu posso ajudar.Agradeço aos céus por, ao menos, poder escolher com quem vou me casar. E, pelo visto, já encontrei. Uma adoráve