Vincent
No mundo em que cresci, não é o grito que anuncia o perigo. É o silêncio. A mudança no ritmo. Os passos mais leves. O sorriso que demora meio segundo a mais pra surgir.E essa semana… tudo estava mais silencioso.
Marco tem agido estranho. Respostas curtas, olhos que evitam os meus, horários que não batem com as ordens que dou. E Giulietta... ela voltou como uma sombra. Está sempre nos lugares errados, falando com quem não deveria. Sorrindo demais. Observando demais.
Hoje, sentei no terraço da casa acendi um charuto, olhando a cidade se dobrar sob a noite. Mirella estava quieta. Tenho tentado manter distância, respeitar o espaço dela, mas cada minuto longe me pesa como chumbo.Meu telefone vibrou.Era Julian.
— Temos algo. Câmeras da casa de apostas. Giulietta e Marco entraram juntos, ontem à noite. Sem autorização.Fechei os olhos, tragando fundo o sabor da confirmação.
— E?
— Saíram trinta minutos depois. Marco tinha um pen drive no bolso que ele não carregava antes.
— Merda. S