O silêncio entre eles era denso, carregado de tudo o que não foi dito. Cecília ainda sentia o gosto do beijo, os lábios formigando, o coração disparado. Seus olhos estavam fixos nos de Fellipo, buscando alguma explicação, alguma palavra que fizesse sentido para o que acabara de acontecer.
Mas então, ele se afastou.
Rápido, como se tivesse acabado de cometer o pior erro da sua vida.
Passou a mão pelos cabelos, respirando fundo, tentando recuperar o controle que claramente já tinha escapado por entre seus dedos.
— Isso foi um erro. — Ele disse, a voz grave, rouca, mas firme.
Cecília piscou, atordoada.
— O quê?
— O beijo. — Fellipo continuou, agora sem encará-la. — Não deveria ter acontecido. E não vai se repetir.
Ela sentiu o peito apertar.
Um calor subiu em seu rosto, mas agora não era mais timidez—era raiva.
— Então por que me beijou?
Ele fechou os olhos por um instante, como se também se perguntasse o mesmo. Quando os abriu novamente, seu olhar estava frio, distante.
— Porque sou ego