Velha Rotina...
Pietra
A correria do almoço finalmente deu uma trégua. As mesas estavam mais vazias agora, o som das conversas diminuía, e eu conseguia ouvir meus próprios pensamentos. O que, às vezes, não era uma vantagem.
Eu respirei fundo, esfregando discretamente a lombar enquanto organizava os guardanapos no balcão. Dona Maria tinha me liberado para sentar um pouco nos intervalos, mas eu me recusava, pois sabia que se parasse, as dores nas costas e os enjoos me fariam desistir antes do fim do expediente.
Estava atrás do balcão, limpando as últimas bandejas, quando a porta da lanchonete se abriu, fazendo soar o sino pendurado no alto. Levantei os olhos com a mesma indiferença automática de quem já viu cem clientes entrarem naquele dia… mas congelei ao reconhecê-lo.
Anton.
Ele entrou devagar, com as mãos nos bolsos, os olhos varrendo o local até me encontrar. E, quando encontrou, sorriu. Não aquele sorriso provocador que ele costumava usar quando queria me tirar do sério. Era outro. Um sorriso man