Axel
A noite tinha sido longa. Kimberly havia voltado para a cama, mas dormira virada para o outro lado, distante. E eu, acordado, revirava-me entre os lençóis, perseguido por memórias que não queria mais carregar.
Na cozinha, encontrei Fred já com uma caneca de café entre as mãos. Ele ergueu os olhos quando me viu entrar, a sobrancelha erguida em silêncio inquisidor.
— Parece que alguém dormiu tão bem quanto um gato em cima de um telhado molhado, — ele comentou, sarcástico.
Eu ignorei o tom dele e mergulhei direto no assunto.
— Não. — resmunguei, puxando uma cadeira. — Tive um pesadelo. Com a Priscila.
Fred ficou em silêncio por alguns segundos, bebendo o café como se estivesse saboreando suas palavras antes de falar.
— Você sonhou com ela ou com o que ela te fez passar?
Suspirei, recostando na cadeira. O peso da lembrança caiu sobre mim como uma âncora.
— A gente se amava de um jeito doentio. Priscila tinha aquele magnetismo que... que me cegou. Mas era imprevisível, manipuladora.