PietraEstava arrumando o quarto de Andressa quando o som do celular vibrando sobre a mesa de cabeceira ecoou pela terceira vez naquela manhã. Nem precisei olhar para saber de quem era a chamada. Mais uma vez, Anton.Minha mão hesitou por um momento, mas continuei dobrando o cobertor, ignorando o aparelho como havia feito nas últimas vezes. Ele não desistia, e isso só tornava as coisas mais difíceis para mim.— De quem é? — perguntou Andressa, me observando com aquele olhar curioso e perspicaz que ela sempre tinha.— Número desconhecido — menti, virando-me para ajeitar os travesseiros.Andressa arqueou as sobrancelhas, sem parecer co
AntonSenti o peso de cada segundo enquanto encarava Pietra, aguardando sua resposta. A tensão no ar era quase palpável, e eu mal conseguia respirar. Tudo o que queria era estar ao lado dela, especialmente agora, quando nossa vida estava prestes a mudar de uma maneira tão grandiosa. Mas a distância que ela vinha impondo era dolorosa, como se cada recusa fosse mais uma barreira entre nós, e eu já não sabia mais como derrubar esses muros.Quando finalmente ouvi sua resposta, foi como se o ar voltasse aos meus pulmões.— Tudo bem, Anton. Você pode me acompanhar na consulta. — ela disse. — Eu sei que preciso pensar em outra pessoa até mesmo antes de pensar em mim. Eu preciso pensar no meu bebê.
AxelQuando Fred saiu em companhia de Kimberly, cheguei ao ponto de fazer algo que eu jamais imaginei que faria: pedir a Fred que a seguisse e tivesse certeza de onde ela morava. Ele hesitou no início, talvez por achar que eu estava cruzando uma linha que não deveria, mas eu o convenci, ou talvez o pressionei, a fazê-lo. Descobrir onde Kimberly morava parecia ser a única forma de encontrar um ponto final para minha obsessão.Assim que soube o endereço, me peguei fazendo algo ainda mais absurdo: coloquei alguém de prontidão para rondar a casa dela. Sempre de forma discreta, é claro. Quando os relatóriso acompanhados de videos e fotos chegavam, eu me sentia como um maldito perseguidor, algo que eu desprezava, mas não conseguia parar.Nos primeiros dias, a rotina dela parecia simples. Ela saía pela manhã e voltava no final da tarde. Em alguns momentos, outra garota, que parecia ser sua amiga ou talvez colega de casa, também aparecia. Elas conversavam na entrada, riam, e depois desapareci
KimberlyTudo ao meu redor parecia girar. Eu conseguia ouvir vozes, mas elas estavam distantes, abafadas, como se eu estivesse debaixo d’água. A dor latejava em meu joelho, e minha cabeça parecia prestes a explodir. Eu não conseguia entender como tudo tinha acontecido tão rápido. O carro, o impacto, e... Axel. Axel estava ao meu lado, sua voz grave soando como uma âncora tentando me puxar de volta à realidade.— Kimberly! Você está me ouvindo? Fale comigo!Abri os olhos lentamente e vi seu rosto acima do meu, os olhos negros arregalados e cheios de preocupação. Era surreal. O que ele estava fazendo aqui? E por que parecia tão desesperado?Tentei me mexer, mas meu corpo não respondia como eu queria. Foi então que, instintivamente, minhas mãos foram até minha barriga. Uma onda de terror percorreu meu corpo, mais forte que qualquer dor física que eu pudesse estar sentindo.— O meu bebê... — sussurrei, minha voz fraca, mas o suficiente para captar a atenção de Axel.Ele franziu o cenho, c
AxelO treino de hoje foi uma perda de tempo. Desde o primeiro aquecimento, eu sabia que não ia conseguir render nada. Meus pensamentos estavam em outro lugar, ou melhor, em outra pessoa. Cada chute que errava, cada jogada que deixava passar, só aumentava a irritação. O técnico até perguntou o que estava acontecendo, mas não dava para explicar. Não ali, na frente de todo mundo. Então só balancei a cabeça, dei uma desculpa qualquer e voltei para o campo.Quando finalmente nos dispensaram, eu não perdi tempo. No vestiário, tomei um banho rápido, nem prestei atenção nos caras conversando ao meu redor. Não era como nos outros dias, quando eu tentava me enturmar, puxar assunto, rir das piadas. Hoje, eu só queria ficar longe de t
AxelA pergunta me atingiu como um soco. Era algo que eu mesmo vinha tentando entender desde o momento em que a vi quase ser atropelada. Suspirei, passando a mão pelo cabelo, tentando encontrar as palavras certas.— Eu não sei, Kimberly. Não sei explicar. — Minha voz soou mais honesta do que eu esperava. — Só sei que, desde que te encontrei, algo em mim... mudou.Ela estreitou os olhos, como se tentasse ler nas entrelinhas do que eu estava dizendo.— Isso tem a ver com a mulher com quem você me confundiu na primeira vez? — Sua pergunta foi direta, e eu senti um nó se formar no meu estômago. — Priscila, não é mesmo?Kimberly era perceptiva
AntonQuando meu celular tocou e vi o nome de Tony na tela, respirei fundo, sentindo a tensão se acumular sobre os meus ombros. Ele vinha reclamando há semanas, dizendo que eu havia me tornado outra pessoa, mas, para ser honesto, não tinha paciência para suas críticas.— Finalmente, hein? — começou ele, com aquele tom debochado que me deixava irritado. — Pensei que tinha sumido do planeta, Anton. Agora você é o quê? A versão dois do Aaron?— O que você quer, Tony? — perguntei secamente, tentando cortar o assunto antes que ele começasse.— Relaxa, cara. Só estou dizendo que é engraçado como você mudou. Antes, pelo menos, você sabia se divertir. Agora parece que está vivendo para agradar a família perfeita.A comparação com Aaron me incomodou mais do que eu queria admitir. Não que houvesse algo de errado em ser responsável, mas Aaron não era exatamente o exemplo de estabilidade emocional que eu queria seguir.— Talvez eu tenha percebido que viver de festa em festa não é o suficiente, To
AntonAcordei com uma dor latejante na cabeça e o gosto amargo na boca que só a ressaca podia trazer. Fazia tempo que não me sentia assim. Permaneci deitado, encarando o teto, enquanto flashes da noite anterior surgiam na minha mente.Tony, a boate, os drinques que eu sabia que não devia ter tomado. E então, Anneliese. Sua intervenção não só havia evitado que eu fizesse algo estúpido, mas também me lembrado de que tinha pessoas ao meu redor que realmente se importavam comigo.Apesar de não ter feito nada de errado, sabia bem como aquelas noites terminavam quando eu estava com Tony. Mulheres que eu mal conhecia, um vazio ainda maior ao acordar no dia seguinte. Só de pensar na possibilidade de ter cometido um erro assim, algo que destruísse qualquer chance com Pietra, sentia um nó no estômago.Suspirei e fechei os olhos por um momento. Não podia continuar assim, tão perdido e sem rumo. Precisava encontrar uma maneira de me reaproximar de Pietra, de mostrar a ela que ela pode confiar em