Pietra
Apesar de ter concordado em dar um passo de cada vez com Anton, a dúvida ainda me corroía por dentro quase uma semana após a consulta com obstetra. Eu não conseguia ignorar a sensação de que, de alguma forma, todo o esforço de Anton para me conquistar foi baseado pela exigência do avô dele por um bisneto.
No domingo, quando a campainha da minha casa tocou no final da tarde, meu coração disparou. Era como se eu soubesse que era Anton antes mesmo de ouvir sua voz. Ele estava estranhamente em silêncio o dia inteiro, e considerando o quanto ele era insistente, aquilo me deixou desconfiada.
Fiquei parada, olhando para a porta como se pudesse adivinhar o que fazer apenas encarando-a.
— N&atil
AxelFazia uma semana que eu tinha entrado em contato com Ettore, confiando a ele a tarefa de descobrir tudo sobre Kimberly. O silêncio dele estava me deixando inquieto. Não era do feitio dele demorar tanto sem sequer um retorno. Algo não fazia sentido. Eu queria ir até ela, descobrir por conta própria, mas Fred me impediu.— Você não vai ser bem recebido, Axel. — Ele disse, como se eu precisasse ser lembrado disso.Kimberly foi clara. Ela quer distância de mim, e por mais que tudo dentro de mim gritasse para desobedecer, eu estava tentando respeitar esse desejo. Ao menos por enquanto. Mas essa espera estava me consumindo. Meu rendimento nos treinos estava péssimo, e eu sabia que não podia me dar ao luxo de errar. Estava em um novo time, ganhando
AxelEu estava perdido. A revelação de Ettore ainda ecoava na minha cabeça, distante e ao mesmo tempo ensurdecedora: eu era o pai do filho de Kimberly. Meu filho. Meu.Senti o peso daquela afirmação me esmagando. Meus pensamentos estavam embaralhados, desconexos. Como isso era possível? Kimberly... a mulher que me confundia, que me desafiava, que parecia uma cópia de Priscila e, ao mesmo tempo, tão diferente. Como eu poderia conviver com isso? Como eu poderia simplesmente aceitar essa realidade sem questionar?Me virei para Ettore, repetindo a pergunta que já tinha feito inúmeras vezes.— Você tem certeza disso? — Minha voz saiu mais áspera do que eu pretendia.<
KimberlyEu não esperava visitas naquela tarde. Desde que recebi alta do hospital, minha vida voltou a um ritmo mais tranquilo, e eu estava tentando me adaptar novamente à rotina com Kathleen.Quando a campainha tocou, eu fui atender sem me questionar quem poderia ser. Mas, ao abrir a porta, meu corpo todo congelou. Axel estava parado ali, alto, imponente. Meu primeiro instinto foi fechar a porta na cara dele, mas minha surpresa me manteve imóvel por alguns segundos.— Podemos conversar? — ele perguntou, a voz baixa e firme.Uma risada seca escapou dos meus lábios antes que eu pudesse contê-la.— Não temos nada para conversar. AxelPor algum motivo que eu não conseguia explicar, não havia dúvida dentro de mim. Aquele filho era meu. Eu sentia isso com uma convicção quase irracional, uma certeza que nenhuma prova poderia mudar. Fred, como sempre, tentou me trazer de volta à realidade com sua visão pragmática e cética.— Axel, você está se iludindo de novo — Fred disse, sentado na poltrona da minha sala de estar, com um copo de uísque na mão. — Essa mulher é idêntica à Priscila. Você está projetando nela tudo o que sentiu por aquela mulher. E agora, com essa história de gravidez... você está caindo na mesma armadilha.Eu senti a raiva subir dentro de mim, mas me controlei. Fred era meu amigoA Surpresa na Porta
KimberlyQuando entrei em casa, a última coisa que eu esperava era encontrar minha irmã saindo do banheiro com um homem que eu nunca tinha visto na vida. Ele estava usando um roupão felpudo, o cabelo ainda molhado, como se tivesse acabado de sair do chuveiro. Kathleen estava ao lado dele, com uma expressão que eu só poderia descrever como um misto de surpresa e constrangimento.Eu tinha dito a Kathleen que não jantaria em casa porque iria a um pub com uma antiga colega de faculdade. Mas, no fim das contas, acabei sentindo uma náusea terrível e cancelei o encontro. Decidi voltar para casa, esperando encontrar um pouco de paz e silêncio. Mas, claro, as coisas nunca são tão simples assim.Eu não disse uma palavra. Nem "oi", nem "quem é vo
AxelEu estava concentrado na minha rotina matinal, tentando afastar os pensamentos sobre a noite anterior, quando Ettore entrou na cozinha e puxou uma cadeira diante de mim.— O que pretende fazer agora? — Ele perguntou sem rodeios, pegando uma xícara de café antes mesmo de eu responder.Eu sabia exatamente a que ele se referia. Kimberly. A cena da noite anterior ainda me incomodava. Eu tinha ido até sua casa decidido a resolver aquela situação, mas, em vez disso, fui recebido por um homem de roupão felpudo, recém-saído do banho. O desconforto e a irritação voltaram com força só de lembrar daquela imagem.— Vou treinar. — Disse, dando um gole no café. — E mai
KimberlyEu já tinha avisado ao meu chefe, Charles Whitaker, que havia tido um contratempo e não sabia a que horas chegaria ao trabalho. A ligação foi curta, mas o tom de sua voz deixou claro que ele não estava satisfeito. Charles sempre foi um homem meticuloso, controlador e, para ser sincera, um tanto pedante. Ele tinha uma maneira peculiar de fazer comentários que pareciam inofensivos, mas carregavam uma dose de sarcasmo que só eu parecia notar. Desta vez, porém, ele foi direto ao ponto.— Kimberly, esse *contratempo* seu tem alguma relação com a história que está circulando na mídia? — perguntou ele, com um tom que beirava o desdém. — Sobre você estar grávida de um jogador de futebol brasileiro?
AxelO treino daquele dia foi uma tortura. Eu tentei me concentrar, mas minha mente insistia em se fixar em Kimberly. Ainda assim, agi de maneira automática, como se meu corpo soubesse o que fazer mesmo quando minha cabeça estava em outro lugar.A chegada ao clube tinha sido caótica, com repórteres gritando perguntas sobre Kimberly e a gravidez. Fred e Ettore estavam certos, eu não poderia ter ido até ela de manhã. A situação tinha fugido do controle. Mas eu não podia perder o foco.Mesmo com a mente completamente dominada por pensamentos sobre Kimberly, consegui marcar dois gols durante o coletivo, e ao final do treino, o técnico me elogiou ao final, dizendo que meu rendimento tinha sido excelente, especialmente considerando a import&a