PietraEu nunca imaginei que um dia poderia me deparar com Anton novamente. Estou mentindo. Talvez eu tenha sonhado com esse momento algumas vezes. Talvez eu também tenha idealizado esse encontro durante algumas noites insones, fantasiando todos os detalhes e o que nós diríamos um para o outro. Mas tudo mudou. Eu não sou mais a mesma garota ingênua e cheia de sonhos sobre príncipes encantados.— Oi, Anton — Respondi com o máximo de frieza que consegui imprimir em minha voz — Nunca poderia imaginar que você frequenta lanchonetes na periferia da cidade.— Não foi algo que planejei, eu confesso — Anton falou com um sorriso aberto — Não tinha a menor ideia do que você trabalhava aqui. Aliás, eu acreditava que voc
AntonNo posto de combustível, comprei um galão de gasolina e retornei ao carro. Enquanto abastecia o veículo, percebi que minha vida parecia um contraste gritante em relação àquela realidade. É estranho pensar que aquele bairro ficava relativamente próximo ao meu, na mesma cidade.Tentei desviar o pensamento do reencontro com Pietra. Havia algo diferente nela, uma aura de tristeza e amargura que não existia antes. Lembrei da garota vivaz e sorridente que conheci, com olhos brilhantes e muitos planos para o futuro. O que teria acontecido para mudá-la tanto?Dirigi para a minha casa, uma imponente mansão no alto de Pinheiros, em São Paulo. Felizmente, não encontrei ninguém pelos corredores. Não estava em meu melhor
PietraEstava na cozinha, terminando os últimos preparativos para o jantar, quando ouvi a porta da sala de estar se abrir. Reconheci o som imediatamente, mas o sorriso animado que Andressa trouxe consigo era novo. Cumprimentei-a com um beijo na bochecha, curiosa para saber o motivo de tanta empolgação.— Aconteceu alguma coisa que eu não saiba? — perguntei, me esforçando para conter meu próprio sorriso ao ver sua expressão radiante.Andressa não esperou nem um segundo para compartilhar a novidade:— Consegui o emprego de meio período na loja aqui perto de casa! — ela anunciou, alegria transbordando em suas palavras.Sent
AntonA primeira coisa que passou pela minha cabeça ao acordar foi a lembrança do meu encontro com Pietra. Eu tinha revirado na cama por muito tempo antes de conseguir conciliar o sono na noite anterior, o rosto dela ainda fresco na minha mente. Levantei-me, sentindo a necessidade de fazer algo que me distraísse daquela constante repetição de pensamentos.Consultei o relógio e percebi que já tinha passado das dez horas da manhã, um horário normal em que eu costumava acordar. Após um banho rápido, vesti-me, desci ao andar térreo da casa, onde estava localizada a sala de jantar, local onde também a minha família costumava tomar café da manhã, não havia ninguém lá, o que também era algo comum de acontecer.<
AntonDois dias depois, cheguei à mansão dos meus avós passava um pouco das treze horas e os encontrei na sala de estar.— Oi, filho! Pensei que ainda estivesse em Camboriú — A minha avó comentou com surpresa.— Tony tinha compromissos de trabalho e decidimos voltar mais cedo — Expliquei.Com um suspiro profundo, sentei-me no sofá, próximo do lugar onde vovó estava.— Está acontecendo alguma coisa, Anton? Você parece preocupado.Hesitei por um momento, mas acabei decidindo compartilhar o que estava sentindo. Minha avó é uma pessoa excepcional e nossa
AntonPassei o dia trancado no meu quarto, consumido por uma irritação insuportável. Minha cabeça estava um caos de pensamentos, cada um mais perturbador que o outro. Não consegui acreditar que Anneliese tinha contado sobre a festa de despedida e como fui rejeitado por Pietra. E Axel, claro, tinha aproveitado aquela oportunidade para me provocar sobre isso.Entendia que Anneliese tinha dificuldade em guardar segredos, especialmente de nós, seus irmãos. Mas ela poderia ter se controlado, ao menos sobre aquela história. A rejeição de Pietra era uma ferida que eu não estava pronto para expor, ainda mais diante das zombarias de Axel.Axel. Minha raiva por ele crescia a cada minuto. Sabia que ele estava amargo e revoltado desde o q
KimberlyNaquele último dia de férias em Santorini, eu estava determinada a me divertir ao máximo antes de retornar à minha vida em Londres. Eu e minha irmã Kathleen decidimos sair para curtir a noite na ilha grega. Era nossa última chance de aproveitar antes de voltar à rotina. Enquanto nós dançamos ao som de músicas animadas em uma das famosas tabernas locais, eu me senti envolvida pela energia contagiante da noite e me deixei levar pela música, os meus pés guiando os meus movimentos. A cada passo, eu mergulhava mais fundo na alegria e na liberdade do momento. A atmosfera vibrante da ilha é algo intoxicante.— Você está vendo aquele homem? — perguntei para a minha irmã mais velha.— Eu estou vendo muitos homens — Ela brincou — Talvez o dobro do que tem nesse clube.Eu rapidamente entendi a sua piada e me diverti muito. Talvez eu também esteja vendo tudo dobrado, mas eu realmente não me importo. Eu estava precisando muito daquelas férias e aceitar o convite de Kathleen para sair de
AxelA bebida já dominava a maioria das minhas ações, mas ainda conseguia racionalizar um pouco diante do que estava acontecendo ao meu redor. A mulher do outro lado do salão enorme continuava me encarando descaradamente. Embora soubesse o quão impossível era, a cada vez que eu retribuía o olhar, uma certeza crescia dentro de mim: aquela era Priscila, minha ex-esposa. As características físicas eram as mesmas: cabelos loiros, longos e cacheados, baixa estatura e corpo curvilíneo. No entanto, devido à distância entre nós, não podia afirmar com certeza.Quando a mulher se aproximou, acreditei sinceramente que fosse minha ex-esposa. Seus olhos verdes e maneirismos eram assustadoramente semelhantes aos de Priscila. A bebida havia nublado totalmente minha visão das coisas. Decidi me aproximar ainda mais, para vê-la de perto.Agora, cara a cara com ela e com a sua afirmação firme de que ela não é Priscila, não tenho mais certeza de nada, exceto que precisava beijá-la. Como posso desejar be