Amara continuou a cantar, sua voz deslizando suave, mas carregada de uma tristeza que ninguém conseguia explicar.
— “A vida passa com os anos,
envelhece com cabelos brancos,
vai embora como você,
deixando uma felicidade inaudita...”
Enquanto a escutava, Lenno Bráz sentiu um arrepio leve percorrer-lhe a nuca. Aquela escolha musical... não parecia aleatória. Cada verso parecia esconder um recado, como se Amara estivesse falando com alguém — alguém que não estava ali.
— “Sinto muito sua falta, sinto mesmo,
mas não demonstro sinais.
Ainda penso em você,
ainda deixo as memórias tomarem conta,
ainda finjo estar bem...”
Lenno fitou-a em silêncio. A percepção veio como um sussurro incômodo:
— Ela está cantando para alguém...
Do lado de fora da sala, uma figura alta permanecia imóvel no corredor. Ele havia passado ali por acaso, mas bastou ouvir a voz para o corpo inteiro congelar. Era como se a melodia o tivesse prendido ao chão.
Seu assistente, notando a súbita pausa, aproximou