E, naquele instante, um pensamento atravessou a mente de Pitter: rabanete.
Sim, rabanete.
A lembrança veio acompanhada das palavras de Amara, ditas em tom leve num encontro anterior que ele ainda não conseguia esquecer:
“Rabanete e repolho, cada um tem o seu admirador. Para quem gosta de rabanete, não importa o quão perfeito o repolho seja, nunca vai querer provar repolho…”
Na época, ele riu.
Estava confiante demais — tinha certeza de que Amara nutria algum sentimento por ele e que aquela fala era só uma desculpa para disfarçar o óbvio. Mas agora… olhando para o prato à sua frente, ele se deu conta de que talvez fosse mesmo o repolho dela.
O repolho bonito, correto, mas sem sabor para quem prefere o frescor do rabanete.
Pietro, que observava o irmão imóvel diante do prato, sentiu um arrepio.
— Irmão… você está bem? — perguntou, hesitante.
Por que ele estava encarando o rabanete daquele jeito?
Pitter não respondeu.
Chamou calmamente a governanta e, com voz fria, pediu:
— Remova esse