Lorenzo Narrando...
Já estou aqui na empresa, acabei de finalizar uma videoconferência com os árabes.
Eu mal tinha fechado o notebook, quando ouvi batidas na porta, como eu já sabia quem era, mandei entrar.
Marta entrou sem olhar nos meus olhos — ela sabe que não gosto de bajulações, mas também teme o contrário, teme me irritar. Ela deixa a pasta sobre a mesa e recua.
— Está tudo aqui, senhor. — a voz dela sai baixa.
— Pode sair. — respondo, sem levantar o olhar.
Ela saí fechando a porta, e o silêncio volta a dominar. Puxo a pasta para mim, abro devagar. Cada folha é uma janela para a vida de Helena Alves. Fotos antigas em baixa qualidade, registros escolares, histórico médico, endereço, contas atrasadas, a mãe enferma. Tudo.
E lá está a peça-chave: a fragilidade. A mãe dependente de tratamento caro, a renda miserável, a pilha de dívidas em farmácias e hospitais.
Aperto os lábios, satisfeito. Esse é o tipo de informação que faz diferença em um jogo como o meu.
Cruzo as pernas e ob