Ainda estavam rindo, Ivan estava embriagado, mas dessa vez pela felicidade, ainda havia muitas lutas para vencer, mas tudo o que realmente importava era que veria sua caçula crescer, envelheceria ao lado da esposa e estaria no casamento do filho. A rua ainda parecia um palco para os beijos que roubava da esposa a cada vez que Sara perguntava o que estava acontecendo.— Eu ainda vou perturbar muito a sua vida, minha pequena! É isso que está acontecendo, EU TE AMO.Sombra também sorria olhando para a felicidade do amigo, por mais Ivan fosse a amizade mais conturbada e trabalhosa que teve durante toda a vida, também era um dos caras que mais amava.E foi nesse clima adocicado que estavam quando a noite foi rasgada pelo som agudo de um pneu queimando no asfalto.O motor de um carro roncou. O mundo, que segundos antes era feito de gargalhadas e alívio, se corrompeu em medo. Ivan segurou a esposa nos braços e deu as costas para o perigo. Morrer era assustador, mas não mais apavorante do qu
Sombra não estava disposto a perder aquela guerra, devia isso ao irmão, ao filho, ao amigo! Mas principalmente, não seria capaz de se perdoar se algo acontecesse ao afilhado.Não depois que impediu Ivan de resolver o assunto matando o chefe do clã DiLauro.Puxou o braço do amigo!— AGORA PORRA!Ivan ergueu o filho nos braços, a voz do amigo sempre foi o seu norte e naquela noite não foi diferente.Nick tinha a altura do pai, tão forte e pesado quanto Ivan, e ainda assim, foi levantado do chão como se realmente fosse o bebê que Sara costumava dizer que ele era.Ivan assumiu o volante, Sara ficou no banco de trás com o filho, e Sombra olhou para ela enquanto estendia uma arma.— Se esses filhos da puta seguirem a gente, você sabe o que fazer bravinha. É a porra de uma filha da máfia caralho, então para de chorar e atira!Doía ver Sara daquela forma, ainda que eles tivessem se tornado um eterno quase, ele a amava.Não como um dia achou que amaria, mas a amava. Só que naquele momento o qu
Dizem que o amor é capaz de enxergar tudo, mas talvez e só talvez ele não consiga ver o perigo, porque Ayla a esposa de Elijah resolveu ouvir os conselhos de Jocellyn no pior momento.Deixou os filhos com uma amiga e embarcou para a Itália logo depois de conversar com a médica.Não queria se separar, nunca quis!E ouvir Jocellyn falando que o marido era um egoísta feriu o coração de Ayla como uma faca. Aquilo não era verdade! Poucas pessoas conheciam aquele peão como ela. Ele era um homem gentil, dedicado, protetor e acima de tudo, alguém capaz de dar a vida pelas pessoas que amava.Desembarcou no aeroporto de Napoles levando apenas uma bolsa de mão e a saudade que sentia do marido.O piso brilhava, as luzes brancas não deixavam que a mente compreendesse se estava dia ou noite. Algumas pessoas caminhavam puxando malas imensas, outras falavam sem parar, mas tudo o que ela enxergava era o reflexo opaco do próprio rosto em uma poça d’agua esquecida no canto do corredor de desembarque.Os
Ivan não precisava de uma arma para ser assustador, não com o tamanho que tinha e com medo de perder um filho, ergueu um dos médicos pelo pescoço usando apenas uma mão.— EU VOU MATAR CADA HOMEM, MULHER E CRIANÇA DESSE LUGAR SE NÃO AJUDAREM O MEU FILHO.Não estava brincando e isso ficou óbvio quando um enfermeiro que praticava grappling tentou se aproximar.Ivan estava tão focado no filho que não percebeu quando o enfermeiro se colocou atrás dele e aplicou uma chave de braço.Foi uma escolha ruim, muito ruim, porque na condição em que estava não havia nada que acalmasse a sede de sangue que sempre fez parte da Fera que habitava o seu corpo. Não era à toa que Ivan ficou conhecido daquela forma mesmo antes de se tornar chefe da máfia.O enfermeiro conseguiu fechar o golpe, uma vitória breve e que lhe custou a vida.Ivan curvou o corpo para frente levando o enfermeiro com ele. O homem foi arremessado para o chão sem que Fera precisasse fazer qualquer esforço. Os socos que seguiram foram
E como em um passo de mágica tudo ficou em silêncio, o mais absoluto e profundo silêncio. As luzes vermelhas pararam de piscar, tudo ficou escuro e de repente o brilho das lâmpadas brancas ofuscou a visão de Ivan e tudo o que restou foi o bip...bip...bip do monitor que indicava os batimentos de Nick. A equipe médica não entendeu, pararam por um instante, mas o grito de Ivan os fez voltar a realidade. — FAÇAM ALGUMA COISA! Enquanto Ivan enlouquecia dentro do hospital, Sombra agia do lado de fora. Duas ligações, algumas centenas de dólares e o problema começava a se resolver. Por sorte a corrupção é uma mão aliada quando o dinheiro pede. E a polícia europeia é tão mal paga quanto a de qualquer outro continente. Desligou o telefone e esperou. Minutos foram o bastante para que Lucio atendesse o telefone e recebesse a ordem. — Tire todo mundo daí, não há nada o que fazer. — Senhor, mas ele. — Vai me fazer repetir? Nada está acontecendo, foi tudo um mal-entendido. O filho de um shei
Sombra saiu sem explicar nada ao amigo, mas assim que entrou no carro achou que talvez aquela visita fosse providencial.— Pronto, maninho. Tudo o que você mais ama. Se der uma de louco agora eu te quebro na porrada.Falou sozinho enquanto dirigia, enfim alguma paz, Nick ficaria bem e teria o melhor tratamento que o dinheiro pode pagar, Olíe estava em casa, Ivan não estava com os dias contados, Jocellyn parecia feliz.Deu risada quando se lembrou da médica.— Quem diria em dona Jô!Ligou o som do carro, sentiu saudades da esposa assim que uma das músicas dela começou a tocar. A playlist do celular dele era feita assim, para ela.Júlia gostava de músicas sertanejas e aquela em especial, Paula Fernandes, uma cantora do Estado brasileiro de Minas Gerais cantava com a alma a música que um dia a sua esquisita usou para explicar o que ela esperava do casamento deles. “Eu quero ser pra você, a confiança o que te faz e faz sonhar todo dia sabendo que pode mais. Eu quero ser pra você, a lua il
Ayla puxou o braço de volta, mas isso só fez com que o homem debruçasse sobre ela, pediu, implorou que ele a deixasse em paz, mas ele parecia se divertir com de desespero dela.— Calma, madame, você vai gostar.Foi a última frase até que uma sombra cobrisse a única luz que iluminava aquele banco. Não uma sombra qualquer, talvez o mais correto seria dizer a pior Sombra que aquele homem poderia ser coberto.— Posso participar?O homem se endireitou, mas continuou segurando o braço de Ayla, ela olhou para o cunhado e o alívio tomou conta do seu corpo instantaneamente. Se levantou e ficou atrás de Sombra, sentia até a alma tremer.— Me espera no carro, cunhada. Eu já vou.Deu um beijo no rosto de Ayla, pegou a bolsa que havia ficado esquecida sobre o banco e olhou novamente para o homem que tinha ousado tocar uma mulher da máfia sem nem ao menos ter ideia do que isso significava.— Ei, cara, só estávamos conversando.Sombra não se mexeu, continuou olhando para o homem como se soubesse o p
O caminho pareceu longo para Ayla, o silêncio do cunhado sempre a incomodou, mas a verdade era que ele estava mais incomodado do que ela.Não pelo silêncio, preferia assim, mas achava estranho estar com uma mulher que não fosse Júlia sentada no carro ao seu lado. Teria pedido para ela se sentar no banco de trás, não teve coragem, ela foi mais rápida.Durante muito tempo ele não teve esses problemas, muito pelo contrário. Tinha várias amigas.Isso mudou com os conselhos do homem que o criou.— Ser gentil é da sua natureza, moleque. Foi criado assim, mas as pessoas entendem errado e isso vai acabar machucando a pessoa que mais ama.Sombra ouviu, sempre ouvia o que Apollo falava, tinha o padrinho como um exemplo, no começo, foi difícil, agora era parte dele.Desligou o rádio, aquelas eram as músicas de Júlia. Ouviria com ela.— Eu não queria, não fiz nada, juro que eu nunca trairia o seu irmão.Sombra desviou o olhar da estrada, a frase pareceu estranha, era óbvio que ela não queria, con