Sombra olhou para a mensagem no celular e deslizou o aparelho em cima do balcão dando risada.— Bicho burro da porra! Depois vem dizer que era o grande CEO. Um filhinho de papai isso sim.Ivan pegou o telefone, leu, releu, não entendeu.— Mas tem o meu nomeFez exatamente essa pergunta para Lara pelo celular do amigo.“Por que tem o nome do Ivan?”Perguntou como se fosse Sombra, porque achava que as chances de ser respondido com a verdade eram maiores.“Mando tudo com o nome dele. Imagine eu mandar um pedido de exame com o nome de Fera, Dragon, Russo”Lara ficou olhando para o celular por um tempo, não entendeu o motivo da pergunta e muito menos o porquê elas tinham acabado sem uma despedida, Sombra costumava ser educado.Ivan piscou algumas vezes com a testa franzida, coçou a cabeça e tomou mais um gole da vodka, como se o álcool pudesse ajudar a processar a informação.— Então eu nã...eu não tô morrendo?Sombra começou a rir, parte pela expressão confusa do amigo, mas principalmente
Ainda estavam rindo, Ivan estava embriagado, mas dessa vez pela felicidade, ainda havia muitas lutas para vencer, mas tudo o que realmente importava era que veria sua caçula crescer, envelheceria ao lado da esposa e estaria no casamento do filho. A rua ainda parecia um palco para os beijos que roubava da esposa a cada vez que Sara perguntava o que estava acontecendo.— Eu ainda vou perturbar muito a sua vida, minha pequena! É isso que está acontecendo, EU TE AMO.Sombra também sorria olhando para a felicidade do amigo, por mais Ivan fosse a amizade mais conturbada e trabalhosa que teve durante toda a vida, também era um dos caras que mais amava.E foi nesse clima adocicado que estavam quando a noite foi rasgada pelo som agudo de um pneu queimando no asfalto.O motor de um carro roncou. O mundo, que segundos antes era feito de gargalhadas e alívio, se corrompeu em medo. Ivan segurou a esposa nos braços e deu as costas para o perigo. Morrer era assustador, mas não mais apavorante do qu
Sombra não estava disposto a perder aquela guerra, devia isso ao irmão, ao filho, ao amigo! Mas principalmente, não seria capaz de se perdoar se algo acontecesse ao afilhado.Não depois que impediu Ivan de resolver o assunto matando o chefe do clã DiLauro.Puxou o braço do amigo!— AGORA PORRA!Ivan ergueu o filho nos braços, a voz do amigo sempre foi o seu norte e naquela noite não foi diferente.Nick tinha a altura do pai, tão forte e pesado quanto Ivan, e ainda assim, foi levantado do chão como se realmente fosse o bebê que Sara costumava dizer que ele era.Ivan assumiu o volante, Sara ficou no banco de trás com o filho, e Sombra olhou para ela enquanto estendia uma arma.— Se esses filhos da puta seguirem a gente, você sabe o que fazer bravinha. É a porra de uma filha da máfia caralho, então para de chorar e atira!Doía ver Sara daquela forma, ainda que eles tivessem se tornado um eterno quase, ele a amava.Não como um dia achou que amaria, mas a amava. Só que naquele momento o qu
Dizem que o amor é capaz de enxergar tudo, mas talvez e só talvez ele não consiga ver o perigo, porque Ayla a esposa de Elijah resolveu ouvir os conselhos de Jocellyn no pior momento.Deixou os filhos com uma amiga e embarcou para a Itália logo depois de conversar com a médica.Não queria se separar, nunca quis!E ouvir Jocellyn falando que o marido era um egoísta feriu o coração de Ayla como uma faca. Aquilo não era verdade! Poucas pessoas conheciam aquele peão como ela. Ele era um homem gentil, dedicado, protetor e acima de tudo, alguém capaz de dar a vida pelas pessoas que amava.Desembarcou no aeroporto de Napoles levando apenas uma bolsa de mão e a saudade que sentia do marido.O piso brilhava, as luzes brancas não deixavam que a mente compreendesse se estava dia ou noite. Algumas pessoas caminhavam puxando malas imensas, outras falavam sem parar, mas tudo o que ela enxergava era o reflexo opaco do próprio rosto em uma poça d’agua esquecida no canto do corredor de desembarque.Os
Ivan não precisava de uma arma para ser assustador, não com o tamanho que tinha e com medo de perder um filho, ergueu um dos médicos pelo pescoço usando apenas uma mão.— EU VOU MATAR CADA HOMEM, MULHER E CRIANÇA DESSE LUGAR SE NÃO AJUDAREM O MEU FILHO.Não estava brincando e isso ficou óbvio quando um enfermeiro que praticava grappling tentou se aproximar.Ivan estava tão focado no filho que não percebeu quando o enfermeiro se colocou atrás dele e aplicou uma chave de braço.Foi uma escolha ruim, muito ruim, porque na condição em que estava não havia nada que acalmasse a sede de sangue que sempre fez parte da Fera que habitava o seu corpo. Não era à toa que Ivan ficou conhecido daquela forma mesmo antes de se tornar chefe da máfia.O enfermeiro conseguiu fechar o golpe, uma vitória breve e que lhe custou a vida.Ivan curvou o corpo para frente levando o enfermeiro com ele. O homem foi arremessado para o chão sem que Fera precisasse fazer qualquer esforço. Os socos que seguiram foram
E como em um passo de mágica tudo ficou em silêncio, o mais absoluto e profundo silêncio. As luzes vermelhas pararam de piscar, tudo ficou escuro e de repente o brilho das lâmpadas brancas ofuscou a visão de Ivan e tudo o que restou foi o bip...bip...bip do monitor que indicava os batimentos de Nick. A equipe médica não entendeu, pararam por um instante, mas o grito de Ivan os fez voltar a realidade. — FAÇAM ALGUMA COISA! Enquanto Ivan enlouquecia dentro do hospital, Sombra agia do lado de fora. Duas ligações, algumas centenas de dólares e o problema começava a se resolver. Por sorte a corrupção é uma mão aliada quando o dinheiro pede. E a polícia europeia é tão mal paga quanto a de qualquer outro continente. Desligou o telefone e esperou. Minutos foram o bastante para que Lucio atendesse o telefone e recebesse a ordem. — Tire todo mundo daí, não há nada o que fazer. — Senhor, mas ele. — Vai me fazer repetir? Nada está acontecendo, foi tudo um mal-entendido. O filho de um shei
Sombra saiu sem explicar nada ao amigo, mas assim que entrou no carro achou que talvez aquela visita fosse providencial.— Pronto, maninho. Tudo o que você mais ama. Se der uma de louco agora eu te quebro na porrada.Falou sozinho enquanto dirigia, enfim alguma paz, Nick ficaria bem e teria o melhor tratamento que o dinheiro pode pagar, Olíe estava em casa, Ivan não estava com os dias contados, Jocellyn parecia feliz.Deu risada quando se lembrou da médica.— Quem diria em dona Jô!Ligou o som do carro, sentiu saudades da esposa assim que uma das músicas dela começou a tocar. A playlist do celular dele era feita assim, para ela.Júlia gostava de músicas sertanejas e aquela em especial, Paula Fernandes, uma cantora do Estado brasileiro de Minas Gerais cantava com a alma a música que um dia a sua esquisita usou para explicar o que ela esperava do casamento deles. “Eu quero ser pra você, a confiança o que te faz e faz sonhar todo dia sabendo que pode mais. Eu quero ser pra você, a lua il
Ayla puxou o braço de volta, mas isso só fez com que o homem debruçasse sobre ela, pediu, implorou que ele a deixasse em paz, mas ele parecia se divertir com de desespero dela.— Calma, madame, você vai gostar.Foi a última frase até que uma sombra cobrisse a única luz que iluminava aquele banco. Não uma sombra qualquer, talvez o mais correto seria dizer a pior Sombra que aquele homem poderia ser coberto.— Posso participar?O homem se endireitou, mas continuou segurando o braço de Ayla, ela olhou para o cunhado e o alívio tomou conta do seu corpo instantaneamente. Se levantou e ficou atrás de Sombra, sentia até a alma tremer.— Me espera no carro, cunhada. Eu já vou.Deu um beijo no rosto de Ayla, pegou a bolsa que havia ficado esquecida sobre o banco e olhou novamente para o homem que tinha ousado tocar uma mulher da máfia sem nem ao menos ter ideia do que isso significava.— Ei, cara, só estávamos conversando.Sombra não se mexeu, continuou olhando para o homem como se soubesse o p