Não vou pegar leve

E a viagem que Edgar estava achando longa demais, de repente terminou, o garotinho sentiu, queria ver o pai daquela forma mais vezes, se divertiu como nunca.

Quando o avião começou a descer Jericoacoara se revelou com suas dunas brancas, mar azul e uma vila encantadora. O coração de Endi se aqueceu. Ele se lembrava daquela vista desde a infância, haviam passado férias naquele lugar, os pais de Mel e os dele sempre viajavam juntos e o que mais gostou foi de como podiam brincar sem que os pais ficassem vigiando.

Correram pelas dunas, brincaram de enterrar um ao outro na areia, Mel colocou o dedinho nas garras de um siri e quando chorou levou o bichinho para que Endi batesse nele.

A pontinha do dedo roxa, e o siri na palma da mão.

— Ele me mordeu, briga com ele!

Endi arremessou o crustáceo no mar e ela o abraçou, Endi se lembrava daquele abraço, lembrava de cada uma das vezes que Mel o abraçou, do cheiro de bala de chiclete que a boca dela tinha, de como o sol refletia nos fios dourados.
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