Sara estranhou que Olívia não estivesse com Nick, havia passado o nome do hospital e pelo tempo que tinha saído já deveria estar lá.Apesar disso, ficou abraçada ao marido, o rosto do filho estava pálido, apesar disso ele parecia bem. Não estava entubado, o curativo no peito estava limpo e não havia febre.Os anos ao lado de Ivan a fizeram ter uma experiência que nem mesmo ser filha de um dos maiores cirurgiões foi capaz de oferecer. No mundo em que viviam, nem sempre podiam recorrer a um hospital e a maioria das feridas era tratada em casa, entre eles.— Ele vai sair dessa, Pequena.— Eu sei, nosso menino puxou ao pai.Sara viu o sorriso orgulhoso do marido surgir, provavelmente ele não tinha notado o quanto eram parecidos, mas ela sim!Ivan se escondia atrás de uma fachada de força e arrogância, mas ela o conhecia. Conhecia de um jeito que nem mesmo ele seria capaz de admitir.Assim como Nick, ele era leal, impiedoso com quem ferisse as pessoas que amava, e se cobrava demais, por tu
Olíe estava olhando para as fotos da mãe, ao menos aquela parte não era mentira, havia tentado sair pela janela do banheiro, mas não conseguiu passar a abertura era estreita demais.Havia algo errado, se não houvesse, por que estaria presa?Depois pensou melhor, afinal de contas, Sombra havia feito o mesmo, a prendeu em casa com a intenção de mantê-la segura e assim como Cosimo, não a deixou visitar o namorado.Se perdeu do tempo tentando decifrar aquele jogo, alguém estava mentindo, só não conseguia ter certeza de quem era. Talvez Nick também estivesse sendo enganado, mas Sara faria algo assim com o filho?— Psiu!O barulho soou baixo, mas real, Olívia se virou para porta do quarto atrás dela e Sombra estava só com a cabeça para o lado de dentro a chamando com o dedo como uma criança arteira.— Sombra!— Não precisa anunciar. Vamos embora, Ratinha. Seu Thor vai acordar a qualquer momento e vai surtar se não te encontrar.Olívia correu para a porta com um sorriso no rosto, mas voltou
Quando Olívia chegou, ela correu para dentro como um foguete e Sombra acabou dando risada, preferia aquele tipo de reação. Gostava de mulheres decididas, mesmo que fossem as mais perigosas.— Boa, Ratinha!Ela não ouviu o elogio, já estava no pé da escada olhando para os lados completamente confusa. A casa deveria estar cheia, Sara, Ivan, Nick, Elijah... Onde estavam?Sombra entrou em seguida e ficou igualmente confuso, mas diferente dela ele chamou.— GRANDÃO?Sara apareceu fazendo um sinal de silêncio para o amigo.— Ivan está dormindo.— Dormindo? Então acorda ele, porra! Por que ele acha que pode dormir, ficar com a esposa, o filho, ficar de boa enquanto eu me fodo para arrumar tudo? Não vai dormir coisa nenhuma!Deu alguns tapas na parede e entrou no quarto sem pedir licença. Fera acordou, mas não xingou como Sombra esperava que ele faria. O filho estava bem e isso foi melhor do que descobrir que ele não estava de fato doente.— Thor?Olívia olhou para Ivan com os olhos vermelhos
Todos estavam apreensivos com aquele dia, exceto Sombra que já não aguentava mais ficar na Itália. E se fosse honesto diria que estava morrendo de inveja.Ivan estava com Sara e pareciam estar vivendo uma segunda lua-de-mel ao invés de estarem em meio ao caos, o mesmo se aplicava ao irmão que assim que acordou passou a ser paparicado pela esposa como se nunca tivessem vivido uma crise. Nick e Olíe não saiam do quarto e ele foi ficando cada vez com o humor pior.Apesar disso, havia gostado de encontrar Elijah da forma que encontrou, chegou com Olívia e estranhou o silêncio na casa, acordou o amigo, brincou com Nick, mas assim que entrou no quarto do irmão acabou dando risada.Ayla ainda usava a mesma roupa de quando a pegou no aeroporto, mas dessa vez estava com a cabeça no peito do marido enquanto ele acariciava os cabelos dela.Sombra se apoiou no batente da porta, cruzou os braços e ficou um tempo olhando para a cena antes de ser percebido.O jeito de Ayla o fez lembrar da esposa, J
Elijah olhou para a cara do irmão como se esperasse ansioso pela forma com que Sombra lidaria com a situação, não era algo simples, nem que ele quisesse, mas de alguma forma, quando acordou com Ayla suada em seu peito. Algo tinha mudado dentro dele.Sempre concordou com o irmão de que aquelas mulheres eram suas fraquezas, que deveriam ficar em casa, seguras, porque o dia em que um dos inimigos que tinham entendesse que a forma mais fácil de os destruir seria machucar uma delas, estariam perdidos.Mas agora, esse pensamento tinha mudado, segurou a mão de Ayla e beijou enquanto respirava mais fundo.Gostaria de dizer ao irmão que elas não eram a fraqueza deles, ao contrário, eram a força que os mantinha em pé, mas sabia que não seria ouvido e, sinceramente... Bastava que Ayla soubesse.Sorriu com a lembrança, a apertou ainda mais em um abraço, no dia em que ela chegou também foi o dia em que pouco antes Olíe havia feito uma travessura.Ele deveria ter imaginado, ela perguntou quantos co
As diferenças são nossas maiores riquezas, só evoluímos como espécie porque não há nem sequer uma pessoa que seja exatamente igual a outra.Os animais vivem por instinto, seguem a natureza e não discutem o certo e o errado, os humanos compartilham as consequências, debatem, crescem, se aprimoram e se organizam.E foi exatamente isso o que aconteceu naquela sala. Sombra respondeu sem pestanejar, para ele as coisas eram simples. Homens resolviam as coisas, mulheres ficavam em casa e arrumavam seus cabelos, compravam vestidos, trabalhavam em coisas que elas gostassem apenas pelo prazer, discutiam sobre festas e esperavam seus homens.— Nem pensar, ratinha. Já colocou gente demais em enrascadas para salvar a sua pele. Olha o moleque, parece aqueles zumbis de filme de fim do mundo. Se eu encontrar esse moleque andando pela casa a noite eu atiro. Ninguém mais vai pagar pelas suas birras. O maninho quase surtou. Sem chance.Ivan concordava que aquele não era o melhor momento, mas também acha
Ivan olhou para o amigo ainda preocupado, estava acostumado com aquela postura, mas não com o fato de ele parecer estar no limite, Sombra sempre foi uma das pessoas mais equilibradas da organização, se pudesse, o chamaria de estrategista, nunca se descontrolava.Ou quase nunca, a última vez que Ivan viu o amigo tão perdido foi quando Júlia o deixou, mas isso fazia muito tempo.— Magrelo, nós cuidamos das crianças. Não se esqueça de que tem quatro dos seus te esperando. Vamos juntos.Sombra pensou que preferia ter a caçula com ele em uma missão do que Olívia. A menina havia gritado por uma barata, quais eram as chances de aquilo dar certo, ainda assim concordou.Chegaram juntos ao local da reunião, uma casa ampla que Sombra odiou, havia muitos lugares descobertos e o perigo poderia estar em qualquer um deles.Respirou mais fundo e entraram. Passaram por um corredor onde foram forçados a deixarem as armas, nas paredes quadros de Paul Cezanne. Sombra olhou para os quadros e pensou que nã
Ivan tentou puxar o filho para baixo, aqueles sons, o calor dos tiros que pareciam cada vez mais próximos o fizeram lembrar do que aconteceu no restaurante, aliás o medo de perder o filho nunca esteve tão presente quanto naqueles últimos dois dias.Mas assim que a confusão começou Nick correu para onde estava a namorada a empurrou para um canto da parede e ficou ali a protegendo com o próprio corpo. O barulho atrás dele nem se comparava a confusão que estava o coração.Ela devia estar em casa! Era só o que pensava, ele a levou para a Itália, achou que estava fazendo o certo e agora só pensava que morreria se algo acontecesse, mas de repente.Os tiros pararam, o cheiro de pólvora ainda estava no ar, encolhidos atrás da imensa mesa de madeira os conselheiros da Camorra rezavam pela vida.— Tsc tsc tsc tsc, que feio! Eu não lembro de ter dado autorização para que se reunissem sem mim. Eu dei? Endi limpou o cano da pistola antes de colocá-la novamente do coldre que usava dentro do palet