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Capítulo dois: "a cilada de ouro"

Desci do metrô e fui correndo pro prédio que ele tinha dito. Era um prédio de um hotel de luxo, e a festa ocorreria no rooftop, mas pela mensagem que eu tinha recebido haveria no andar inferior alguns quartos alugados para as meninas se arrumarem, o meu era o 2453.

Haviam feito um credenciamento comigo no andar de baixo e eu estava com um crachá apenas com “Sophia” e “Hostess” escrito.

Não havia foto, não havia nada, se duvidassem que olhassem minha identidade.

Fui até a porta do quarto e dei três batidinhas, do outro lado uma voz masculina afeminada respondeu:

— Entra, querida! — Eu fui a primeira a chegar pelo visto, olhei o celular, ainda era 17:25.

— Bem-vinda… Sophia… — O homem, que era um gay magro, mas definido, com uma roupa extremamente colada que consistia numa calça jeans e uma camiseta preta, olhou para mim por inteiro e a pausa foi para ler meu nome no crachá.

— Sim. Qual seu nome? — Respondi colocando as mãos em conjunto na frente do meu corpo. Completamente despida por aquele olhar. A pergunta que eu fiz soou até um pouco infantil,como uma criança tentando fazer amizade no jardim de infancia.

— Meu nome é Ramires. — Ele disse, ainda me olhando de cima a baixo. — Você não vai subir com esse lookinho e essa cara de estudante universitária sofrida. — Dei uma risadinha, eu estava com uma calça preta de cintura alta, uma camiseta branca, um kimono florido por cima e uma bolsa estilo ecobag. Já a cara, a cara estava sem maquiagem.

— Você tomou banho? — Ele questionou. Meu instinto foi de cheirar o suvaco para ver se eu estava fedendo, afinal era verão em São Paulo e o aquecimento global agora era ebulição global.

— Tomei… —  A última sílaba saiu quase muda. Ele suspirou.

— Qual seu tamanho? — Ele questionou.

— 36. — Respondi, apertando minhas mãos ainda mais, eu estava me sentindo oprimida.

— Perfeito, você entra no banheiro e veste essa roupa aqui; Então ele jogou um vestido de paetês no meu colo. Olhei com um certo estranhamento, mas aceitei. E entrei no banheiro do quarto.

***

Me olhei no espelho me estranhando, era um vestido relativamente curto, de paetês e alcinha. Não era o tipo de roupa que eu usava, geralmente eu usava tudo largo, naquele dia eu não tinha ido de roupa larga porque… sei lá.

Não deu na telha, eu acho.

Mas aquela roupa diferenciava muito do que eu normalmente usava.

Suspirei.

Saí do banheiro.

— Achei que fosse morar aí. — Ramires estava claramente zoando com a minha cara; E estava claramente se divertindo muito com isso internamente. — Senta aqui.

Onde ele apontou era uma cadeira de salão de frente para um espelho enorme. Acenei positivamente e me sentei. Ele me segurou pelas temporas e maxilar com as pontas do dedo colocando meu rosto reto de frente para o espelho.

— Está pronta para um glow up, querida? — Acenei positivamente com a cabeça. Nem sabia o que ele ia fazer comigo, não tinha a minima ideia. Não me maquiava direito desde sempre, no máximo um filtro solar com cor.

— Sim. — Dei um sorriso amarelo, pensando na ideia de que aquilo era uma surpresa. Ele deu dois tapinhas nos meus ombros e abriu um sorrisão, como se um pintor estivesse na frente da sua maior tela.

***

Quase uma hora depois ele me deixou me olhar no espelho, meu pescoço doía depois de tanto ficar com ele para cima. Finalmente no espelho, por algum motivo a maquiagem daquele homem mantinha em mim meus traços juvenis, mas me deixava mais poderosa, talvez?

Dei um sorriso de lado vendo o reflexo. Ramires sorria abertamente, de orelha a orelha. contemplando sua última obra de arte.

Ele também tinha prendido meu cabelo castanho num rabo de cavalo alto. Meu cabelo era comprido, mas eu sempre cortava as pontinhas.

Meu cabelo natural era ondulado, mas ele tinha feito chapinha, deixando ele liso como uma seda e maior do que realmente era.

— Gostou, mocinha? — Ele perguntou, sem conseguir parar de sorrir.

— Sim! — Minha resposta foi empolgada, ele riu e fez um movimento para que eu saísse da cadeira enquanto olhava o relógio no pulso.

— Melhor você ir, a recepção das modelos está sendo com uma moça chamada Kimberly no rooftop.

Apenas com o celular na mão subi até o rooftop. Foi aí que eu tive uma grande surpresa, todas as outras moças que estavam ali pareciam ter saído de uma agência de modelos. Eu estava tão bonita quanto elas, claro. Mas eu confesso que naquele momento me senti meio que fora do grupo.

Assim que cheguei todas me olharam, alguns olhares misturavam desprezo, outros admiração e apenas uma me olhava com um sorriso acolhedor. Olhei seu crachá e ali estava escrito “Luana”.

Sorri de volta para ela.

— Vamos meninas! — Kimberly anunciou. — A festa já vai começar.

Ela começou então a dar posicionamentos para cada uma das garotas dentro da festa, mas olhou para di mim de cima a baixo e com um sorrisão, sequer se preocupando em ler meu nome do crachá disse:

— Novata, você fica na recepção junto com a Luana. —  “Novata”, ela me chamando desse jeito me lembrava um treinamento militar ou qualquer outra coisa do tipo.

Parecia o tipo de coisa que eu não estava acostumada, e de fato não estava.

Fui andando em direção a recepção, meio tensa, meio dura, meus movimentos estavam um tanto quanto robóticos, para ser sincera eu não tinha a mínima ideia do que estava fazendo ali.

Eu queria sair correndo, mas não sabia como, não tinha escapatória. Eu olhava ao redor e estava cercada por seguranças, além disso eu estava toda montada. Era melhor seguir o script, que de certa forma, eu não fazia a mínima ideia do que era.

Parei na entrada do evento, olhei para a Luana. Ela era uma mulher loira de longos cabelos lisos, magra e pequena, parecia que qualquer vento iria derrubá-la.

— Você é a menina nova? — Ela questionou com um sorriso amigável, relaxei um pouco com aquela interação.

— Sou. — Apenas disse isso. Ela acenou positivamente com a cabeça.

— Você sabe o que fazemos aqui… — Luana olhou para os lados, ela falava baixo. — Além disso, não é?

Neguei com a cabeça completamente inocente. Meus olhos demonstravam inocência, isso era nítido. Ela suspirou, parecendo cansada, não disse mais nada. Depois eu entendi o motivo. Havia um homem chegando,

Ele parecia endinheirado.

Ela checou as credenciais, como se estivesse me ensinando como fazer.

Deixou ele passar.

O resto da noite foi assim.

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