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Capítulo cinco: a loira

— Negócio fechado, quer ir no salão amanhã? — Parecia que ele havia lido minha mente.

— Sim. — Ser submissa nunca esteve nos meus planos, mas quem negaria um dia no salão?

— Pode ficar lá enquanto fazemos sua mudança, a partir de hoje você só se preocupa com sua beleza e suas provas na faculdade.

Acenei positivamente.

— Sua virgindade fica pra depois que criarmos confiança, quero que seja um momento especial pra você. Vou chamar o motorista pra te levar embora.

Realmente, recostada num lavatório de salão não se dá pra pensar em muita coisa. Não escolhi meu novo visual, isso foi escolha de Constantino, tudo ele como sempre.

Eu percebi logo de cara que ele queria a sua própria Barbie, por isso talvez alguém tão jovem como eu. Dizem que quanto mais jovem, mais manipulável, mas talvez esse não fosse meu caso. Confesso que sou inocente, mas também sei ser sonsa quando tenho noção do que está acontecendo.

E eu tinha uma pequena noção da arapuca que armaram pra mim.

Eu tinha a teoria que Lourdes tinha uma ideia pra mim há muito tempo, talvez não especificamente para Constantino, mas para o meio do Emerson. Ainda descobriria o quão próximos eles eram.

Acho que Constantino era um mero cliente do cabaré de Emerson, e talvez fosse inocente até certo ponto. Eu digo isso porque ele queria uma garota jovem, dentro da moralidade, para moldar desde cedo.

Inclusive enquanto eu levantava do lavatório e era envolvida pela toalha branca na cabeça, eu lembrei que não sabia a idade de Constantino. Sabia sim que ele era um homem jovem, com menos de 30, talvez ele tivesse mais que 24, mas menos que 28.

Perguntaria certamente quando ele viesse me buscar. Afinal, aquela curiosidade, me tomou por completo, mas eu teria que sofrer com ela, já que a cabeleireira me avisou que teríamos pelo menos 8 horas de procedimento.

Ontem arrumei minhas coisas, deixei a chave com Lourdes, e aguardei o motorista para me levar ao salão, marcamos o primeiro horário que era as 8h. Eu só sairia de lá 16h. Bom, temos que fazer um esforço por um herdeiro de vez em quando

Principalmente um daqueles.

Um Forbes Under 30.

Bonito.

***

Saí do salão loira, muito loira, quase branco o cabelo. E eu tinha um cabelo castanho escuro natural, virgem, igual a mim.

Pelo menos, creio eu, que foi fácil para a profissional descolorir. Mas de qualquer forma foi bastante. Além de loira, bem loira, eu estava com as unhas pintadas de vermelho, um ardente, bem bordô, nas mãos e nos pés, além das extensões em gel. A sobrancelha estava perfeitamente desenhada, inclusive cortaram meu longo cabelo num corte médio, a escova que elas fizeram me deixou com pontas cacheadas.

Enquanto eu estava no carro, me via no espelho retrovisor e sinceramente, não me reconhecia, era outra pessoa, era a Barbie de Constantino.

E sinceramente eu não sabia se isso era bom ou ruim.

De certa forma não fui manipulada, na verdade fui ludibriada, o que é bem diferente.

Mas ele perguntou se eu queria né.

E eu meio que topei.

O motorista me levou até um suntuoso e enorme prédio, ele abre o porta luvas e me entrega um chaveiro. Ele indica cada chave seria de que, sai do carro e abre a porta pra mim.

Saio levemente deslumbrada, nunca imaginei que moraria num local daqueles, na verdade eu morei a vida inteira num sobrado típico de classe média, minha família não era rica, nunca foi. Aquilo era novo.

Totalmente novo.

Eu tinha dito “sim” para uma nova vida. E não tinha ideia da dimensão daquilo até cruzar a porta de vidro da recepção do meu novo prédio.

Dei boa noite pro porteiro, que me devolveu o cumprimento me chamando de “senhorita”.

Sorri e fui em direção ao elevador. Só então notei que o chaveiro tinha uma etiqueta, provavelmente me indicando o número do apartamento. Tomei um susto quando percebi que na verdade, era a cobertura.

Ok, isso era um pouco muito pra mim.

Apertei o botão no elevador e subi ainda em choque. O local era lotado de espelhos, novamente me vi no espelho e tentava buscar traços da minha aparência de sempre. E não encontrei.

Dei graças pois a única pessoa que sobrou na minha vida era minha irmã, nossos pais faleceram desde muito tempo atrás.

Maninha era apenas 4 anos mais velha. Ela teria um diálogo, entenderia eu acho. Sempre fomos parceiras, só tínhamos uma a outra.

Ela talvez ficasse surpresa e me achasse meio burra com a história de como eu conheci Constantino. Provavelmente ela diria que eu quase sofri tráfico humano, lembraria de quando assistíamos fielmente a novela Salve Jorge.

Enquanto eu devaneava pensando na minha irmã a porta do elevador se abriu, revelando uma pequena sala com apenas uma porta a frente.

Peguei o molho de chaves novamente e abri a porta.

A sala era enorme, tudo muito branco e bege, dela dava pra ver a varanda, ali tinha uma hidromassagem, e um espaço de lazer.

Andei pelo apartamento. 3 quartos, 4 banheiros, cozinha enorme, me perguntei o que eu com meus meros 1,65m faria ali, num local tão grande, tão... sei lá.

Nada ali me era familiar, incluindo eu mesma.

Olhei com carinho todos os quartos, todos suíte, porém apenas um tinha closet. Escolhi esse, suas paredes eram de um tom avermelhado meio cereja. Muito bonito, cama King Size com um cobertor preto, coloquei minha modesta mala, que carregava boa parte de tudo que eu tinha em minha cidade natal, no chão e me joguei na cama.

Nunca fui de luxos, na verdade naquele momento me perguntei porque raios topei essa porra de proposta.

Mas na verdade, ali era infinitamente melhor que a quitinete de Lourdes. Isso sim.

Pensei nisso e até me acalmou de certa forma.

Me senti levemente sortuda.

Ou azarada.

Pensei em procurar uma cartomante e ver o futuro disso.

Mas meu pensamento, que quase virou ato, foi interrompido por meu telefone vibrando demais. Era Constantino me ligando. Estranhei apenas uma coisa, ele não me ligou em vídeo, achei que quisesse me ver no novo visual.

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