Mundo de ficçãoIniciar sessão— Ok. É o seguinte, eu vou dar uma quantia gorda de dinheiro pro Emerson, porque não quero você na agencia dele. — Aquilo me fez levantar a sobrancelha. — Quero você sendo minha. Só minha. — Aquelas palavras me pegaram um pouco, não imaginava ouvir aquilo de ninguém tão cedo.
— Tá maluco?
— Escuta até o final.
— Ok. —Ele me convenceu com tão pouco. Acho que achei ele legal.
— Já ouviu falar em relacionamento sugar?
— Já ouvi falar em esposa troféu.
— Tipo isso, só que não vamos casar ainda. Vamos namorar, pode ser?
— Te conheci hoje. — Foi tudo que eu consegui dizer, afinal eram assim que namoros funcionavam né? Conhecia, ficava só depois namorava.
— Esquece isso. Você é meu investimento. Vi potencial grande, quero investir pesado. Mas pra isso precisamos namorar. — Eu estava completamente confusa, mas resolvi ouvir até o final.
— Tá, e o que você vai fazer com esse tal investimento.
Me senti uma participante do Shark tank.
— Vamos ter um relacionamento totalmente normal aos olhos comuns. Nos veremos com frequência, te levarei em programas normais de casal, te apresentarei meus pais, não direi como nos conhecemos obviamente, você me apresentará seus pais, entre outras coisas que namoros envolvem.
Até aí estava normal.
Aparentemente.
— E onde entra o troféu?
— Além da mesada de 10 mil reais, que poderá e irá aumentar como tempo, te darei viagens, não necessariamente comigo, cobrirei gastos acima da mesada, te darei carros, motos, uma casa decente. Tudo que precisar.
A proposta me parecia tentadora, mas uma dúvida martelava na minha cabeça.
— Tá, tudo bem, mas... Porque eu?
Ele sorriu, se levantou da cama e foi até a varanda. Curiosa e inquieta fui atrás.
— Virgem, de longe, simples e belíssima.
Tudo era verdade, exceto pelo “belíssima”, me olhei novamente no espelho do quarto, que ficava a frente da cama. Eu estava arrumada, beleza, mas tudo isso? Aí é demais.
Acho que ele precisava de um oftalmologista.
Urgente.
— Você está exagerando.
— Estou vendo que está se olhando no espelho, não vê o que eu vejo? — Suspirei, queria que ele me visse seis horas da manhã sem maquiagem, com roupas largas e indo pra faculdade.
— Tá e além de ser sua namorada eu preciso fazer algo pra ser sua namorada troféu?
Ele acenou positivamente com a cabeça, pela primeira vez olhando pra mim.
— Me diga seu nome e eu falo.
— Sophia. — Não tinha por que esconder, esse negócio de Lilith não foi ideia minha e eu faria meu máximo para sair fora o mais rápido possível.
— Sophia, assim que você finalizar sua faculdade na USP vamos casar e você não exercerá sua profissão. É ok pra você?
Aquilo me trouxe uma interrogação.
— Não entendi, por que não posso exercer?
— Você vai viver pra mim.
Acenei positivamente com a cabeça.
Realmente um investimento
— Caramba — Foi tudo o que eu consegui dizer. Eu não sabia dizer se estava ouvindo um grande absurdo ou uma grande maravilha.
Mas no final das contas até que não era ruim. Pelo menos ele não forçou relação. Já era um grande avanço. Tanto homem babaca no mundo.
— E aí, topa ou não?
— O que acontece se eu topar? — Perguntei cheia de curiosidade.
— Bom, eu ligo pro Emerson agora. Pago quanto ele pedir, assim que chegar em casa peço que faça sua mala, você vai morar no Jardins, o carro chega amanhã às 9h pra te buscar. — Fiquei meio em choque, ele estava realmente empolgado.
— Amanhã tenho aula pela manhã.
— Topa ou não topa? — Ele estava claramente inflexível. Bem, eu não tinha muita escolha, a proposta era muito boa e ia me definir pro resto da vida. E de qualquer forma eu teria um diploma que não me deixaria na mão em caso de separação.
— Topo. — Falei com tanta certeza que até estranhei.
Na mesma hora ele pegou o telefone e saiu do quarto. Acho que ele não queria me revelar quanto pagaria por mim. Me senti uma daquelas virgens que leiloavam sua virgindade.
Curiosa, fui até a porta e encostei a orelha. Antes, certifiquei que ele não sairia dali pelo olho mágico.
Ele estava ali, então encostei a orelha com força.
Ouvi o valor.
100 mil.
E ainda ouvi a justificativa de Emerson: 18 anos, inexperiente, claramente inocente e bonita com potencial.
Eu juro que não acreditava nem um pouco que aqueles homens me achavam tudo isso.
Ia pedir um dia inteirinho no salão amanhã só pra garantir.
Desencostei da porta e fui até a varanda, ele demorou um pouco mais, provavelmente estava fazendo o bendito pix.
Fiquei ali prostrada por um bom tempo. Igual uma estatua, olhei a noite de São Paulo, não sabia dizer exatamente em qual bairro estava, pensei em olhar no celular no mapa, mas desisti quando ouvi o cartão e a porta se abrindo.
— Negócio fechado, quer ir no salão amanhã? — Parecia que ele havia lido minha mente.
— Sim. — Ser submissa nunca esteve nos meus planos, mas quem negaria um dia no salão?
— Pode ficar lá enquanto fazemos sua mudança, a partir de hoje você só se preocupa com sua beleza e suas provas na faculdade.
Acenei positivamente.
— Sua virgindade fica pra depois que criarmos confiança, quero que seja um momento especial pra você. Vou chamar o motorista pra te levar embora.







