Cap 300. Um desabafo
Elisa ainda estava deitada sobre o peito dele, os corpos entrelaçados, o silêncio preenchido apenas pelo som da respiração desacelerando.
Adam deslizou os dedos pelas costas nuas com uma lentidão que parecia não ter pressa de chegar a lugar algum, apenas sentir. Quando alcançou a nuca, enroscou os dedos nos fios úmidos, puxando de leve, um gesto íntimo, mais possessivo do que carinhoso.
— Por que você chorou antes de vir aqui? — a pergunta veio com uma suavidade cortante, dita com um timbre que tocava direto em lugares onde Elisa escondia sua dor.
Ela ergueu o rosto devagar, surpresa. Os olhos brilharam sob a luz fraca, não pela excitação, mas por algo que ainda doía.
— Não sabia que tinha percebido, Dom...
Adam traçou o contorno do rosto dela com a ponta do dedo, o gesto quase reverente, e assentiu.
— Você pode pintar a boca de vermelho e caminhar como se nada te afetasse, mas eu vejo. Seus olhos estavam implorando por silêncio. Seu peito, lutando para respirar sem desaba