O choque ainda doía na pele.
O rosto ardia onde a mão de Carlos havia tocado, mas não era o tapa em si que latejava: era o fato de ele ainda existir. De ainda ousar se aproximar. De ainda achar que podia me atingir, me calar, me dominar como antes.
Clara estava ao meu lado, com o maxilar travado, respirando fundo, tentando controlar a raiva que ainda fervia nos olhos dela.
— Você tá bem? — ela perguntou, segurando meu braço.
Assenti. Rígida.
— Tô. — respondi, mesmo sabendo que não estava.
Não de verdade.
O banheiro feminino ainda estava parcialmente vazio, o som abafado da música da festa parecia distante, como se estivéssemos em outra dimensão. Elliot se aproximou, ainda com a expressão dura de quem teria quebrado Carlos inteiro se tivesse demorado mais um segundo para intervir.
— Melhor vocês voltarem pra festa. Eu vou falar com a segurança e avisar o Aston. — disse ele, o tom contido, mas afiado.
— Não precisa. — tentei controlar minha voz. — Eu tô bem, de verdade. Foi só... um sus