Carlos Ricci estava perdendo o controle, e eu estava me divertindo enquanto assistia a desgraça dele prestes a chegar — porque por mais que eu não quisesse admitir, eu concordava com Aston nesse quesito… Carlos Ricci, era um merda que merecia o karma caindo em cima de sua cabeça, como uma bigorna.Desde que comecei a puxar os fios certos, ele vinha se enrolando cada vez mais na teia que eu e Aston tecemos. Endividado, frustrado e começando a sentir o desespero roendo suas entranhas. A expressão no rosto dele, cada vez que verificava sua conta bancária e percebia que o dinheiro escorria entre seus dedos, era um verdadeiro presente, mas o que ele esperava? Manter uma vida de alta classe, com um salário medíocre de um diretor de hospital?Ele precisaria de anos nesse cargo para conseguir algo PERTO do que estava tendo agora. Ao menos, sem estragar de vez suas finanças.O problema, era que ele era burro, inconstante e inconsequênte. Ele não conseguia entender o básico e por isso, estava f
Eu saí da boate cuspindo ódio.A porra da striper teve a audácia de chamar os seguranças — como se eu fosse algum marginalzinho qualquer. Tudo porque, segundo ela, eu “ultrapassei limites”. Limites, ela disse. Aquela ridícula deveria se sentir privilegiada por eu ter dado atenção pra ela. Se me perguntarem, ela tava era implorando por isso com aquele olhar vazio e aquele sorriso treinado que ela achava sedutor.A fila inteira do lado de fora me olhou como se eu fosse um delinquente. Uma mulher chegou a rir. Rir. De mim.Respirei fundo e ajeitei a gola da camisa, ainda sentindo o cheiro de perfume doce e suor barato impregnado no tecido. O blazer — Armani, por sinal — tava meio amassado depois da confusão. Peguei o celular e caminhei até o carro.Não achei o Henry. Melhor assim. Menos um pra ver minha saída teatral pela porta dos fundos. E sinceramente? Ele andava se metendo demais. Sempre com aquele jeito de bom moço, rindo demais, perguntando demais. Nunca gostei muito dele. Mas fazi
A casa estava silenciosa demais pro meu gosto.O relógio antigo na parede da sala de estar fazia um tique-taque irritante, como se cada segundo me lembrasse da bomba que eu precisava desarmar. E pior: uma bomba que vestia paletó caro, falava palavras bonitas e ainda tinha convencido minha filha de que era o grande amor da vida dela.Carlos.Só de pensar naquele nome, meu maxilar travava.Peguei meu copo de uísque — já era o segundo da noite, talvez o terceiro — e fui até a janela do escritório. A cidade lá fora brilhava como um milhão de promessas falsas. Carros indo e vindo, prédios iluminados, festas acontecendo… E eu ali, tentando encontrar uma forma de demitir um canalha sem perder minha filha no processo.Amanda.Desde que ela começou a sair com Carlos, tudo mudou. Ela se afastou de mim. Parecia sempre ocupada, sempre cansada. Sempre… diferente. E eu fingia que não via, porque talvez, só talvez, ela estivesse feliz. E se tem uma coisa que um pai quer, é ver a filha feliz. Mas a v
Eu devia estar aliviada.Ou feliz. Talvez animada. Mas, acima de tudo, eu só queria acreditar.Enquanto esperava o elevador subir até o apartamento de Carlos, fiquei girando a aliança falsa entre os dedos — aquela de vitrine, só pra “ensaiar o visual”. Ainda nem era oficial, mas eu já me sentia noiva. Já estava no papel, não estava? Com o evento marcado, convidados selecionados, meu pai meio conformado (ou cansado), e Carlos… Carlos me esperando.Quando a porta do elevador abriu, meu coração disparou do jeito bobo que sempre fazia perto dele. Um misto de ansiedade e esperança, como se eu ainda fosse aquela garota de vinte anos que se apaixonou pela primeira vez por um homem mais velho, mais vivido, mais… tudo.Bati na porta duas vezes e, antes mesmo de recuar, ele abriu.Carlos estava com a camisa social meio aberta, revelando um pedacinho do peito. O cabelo desgrenhado. E aquele sorriso — o mesmo sorriso que me prendeu desde o primeiro dia.— Amanda… — ele falou como se meu nome foss
A notificação apareceu no canto da tela do meu celular no exato momento em que eu saía da academia.Carlos Ricci:🕴️ “Grande evento vindo aí, amigo. Hora de mostrar quem é quem nessa cidade. Te espero lá.”Sem emojis de coração. Sem palminhas. Só aquela arrogância polida que ele sempre usou como perfume.Ri sozinho.Era típico do Carlos: anunciar a própria glória como se estivesse convidando o mundo pra assistir sua coroação. Um noivado com direito a holofotes, colunistas sociais e champagne francês — como se isso fosse apagar a podridão que ele espalhava nos bastidores do hospital. Como se a fantasia fosse suficiente pra esconder o monstro.Mas dessa vez, ele tava se enganando sozinho. E o que ele não sabia… era que o palco já estava montado.Toquei no contato de Aston, e ele atendeu antes do segundo toque.— Fala, irmão.— Ele vai fazer um evento. — fui direto.— Ele quem?— O príncipe encantado da Amanda. Nosso querido Carlos Ricci. Vai anunciar o noivado. Tapete vermelho, imprens
Eu juro que chequei o celular umas duzentas vezes naquela manhã.Não porque eu tava esperando algo importante do trabalho — até porque, sinceramente, eu vinha deixando o trabalho em segundo plano desde que ela tinha sumido.Adeline.Ela tinha dado aquele afastamento clássico. Do tipo que não diz "vai embora", mas também não deixa espaço pra ficar. Eu entendi. Eu respeitei. Mas... esperar por alguém sem saber se ela vai voltar é como manter a porta entreaberta durante uma tempestade — você não sabe se fecha de vez ou deixa aberta e torce pra que o sol volte.E aí, de repente, ela respondeu.“Café da tarde? Hoje?”Li aquela mensagem cinco vezes. O coração deu uma batida estranha, rápida demais, e eu quase ri sozinho, no meio do quarto, parecendo um moleque de ensino médio com crush no banco de trás.Respondi tentando parecer casual:“Sim. Diz o lugar e eu tô lá.”Ela mandou o nome de um café que eu já conhecia — discreto, com um clima de aconchego chique e cheiro constante de bolo de la
O salão estava impecável. O tipo de perfeição que beirava o insuportável.Mármore branco. Lustres de cristal estrategicamente posicionados. Mesas redondas com arranjos florais que custavam mais do que o salário de alguns dos meus enfermeiros. Garçons flutuando com bandejas de champanhe francesa e petiscos em miniatura.Tudo aquilo para quê?Para oficializar o noivado da minha filha com um homem que eu mal conseguia olhar nos olhos.Carlos Ricci.Até pensar no nome dele me dava azia.E ali estava ele: sorrindo para as câmeras, cumprimentando empresários, se comportando como se fosse da família real. O terno sob medida, a barba milimetricamente aparada, o sorriso de vitrine — tudo exatamente onde deveria estar.Um personagem bem ensaiado.E a plateia, infelizmente, aplaudia.Amanda, por outro lado, estava linda.Ela escolheu um vestido champagne, elegante e suave, com detalhes bordados na cintura e um decote discreto. Estava com o cabelo preso em um coque baixo e maquiagem delicada. Par
Hoje era para ser um dia perfeito, pelo menos na teoria.Eu estava empolgada, ansiosa e com borboletas no estômago como não sentia desde a minha adolescência e considerando que eu já tinha 35 anos… isso fazia um bom tempo. Mas o fato era que mesmo depois de tanto tempo juntos, eu ainda sentia aquele friozinho na barriga quando pensava em Carlos. Ele tinha me pedido em noivado no final da residência e desde então, tudo tinha sido uma completa correria. Vida de médico não era fácil e eu sempre soube disso, mas… ele era meu futuro, meu chefe (desde que finalmente conseguiu a promoção que queria como staff no Saint Louis), e claro, meu porto seguro.Ou pelo menos era o que eu pensava.Com um sorriso bobo nos lábios, caminhei apressada pelos corredores do hospital depois de finalmente ter encerrado o meu plantão, eu estava segurando a sacola com o presente que eu tinha escolhido com tanto carinho para comemorarmos juntos essa noite, o nosso aniversário de noivado. Um relógio de luxo que ele